O termo Indochina é em especial aplicado para delimitar uma área de terra que foi colônia francesa e que compreendia entre o Leste da Índia e o Sul da China, onde hoje estão o Camboja, Laos, Vietnã e Mianmar, mas também pode ser aplicado, hoje, aos acordos e produtos oriundos das duas maiores nações do Globo, Índia e China.
 
As duas juntas compreendem 2,5 bilhões de habitantes ou 1/3 de toda população mundial em números atuais; ambas são imprescindíveis para o mundo pela importância industrial, cultural, e serviços que o mundo inteiro consome em larga escala. Sendo as duas maiores nações do globo, com certeza teria que haver pelo menos um pedacinho de terra onde se falasse a língua portuguesa.
 
NA ÍNDIA, GOA
 
O Estado de Goa é o menor dos territórios oficiais da Índia e o que possui maior renda per capta; está situado a cerca de 400 km de Bombaim (cidade mais populosa indiana). A partir de 1510 Goa foi a capital indiana do que era um Estado português e somente deixou de ser portuguesa através da força em 1961.
 
A primeira referência atribuída a Goa ocorreu em 2.200 a.C; passando pelos sumérios, fenícios, árabes, islâmicos até a chegada dos portugueses que permaneceram por quase meio século no lugar, tempo suficiente para deixar marcada a língua portuguesa. Há que se registrar que a língua oficial de Goa é o concani. Também temos que deixar registrado que a Índia não é Estado membro da Comunidade de Países de Língua Portuguesa.
 
Muitos dos comércios, lojas, ruas, organismos do Governo e mercados públicos ainda possuem inscrições públicas em língua portuguesa e os habitantes de lá, muito embora não tenham mantido a obrigatoriedade do ensino lingüístico nas escolas públicas, muitas famílias fazem a metodologia deste ensino em suas casas para as novas gerações.
 
A prova maior de que a língua portuguesa é o charme de Goa está no nome da cidade mais importante do território, Vasco da Gama; herança nítida das velhas conquistas lusitanas pela Ásia.
 
A população goesa não chega a 1,5 milhões, mas sua importância para a índia é muito grande, até mesmo pelo orgulho; Portugal além da língua deixou no lugar marcas profundas de muita crueldade e atrocidades contra a população e a principal culpada deste circo dos horrores, como sempre, a igreja católica.
 
Com a chegada da Inquisição (1560–1812), muitos dos residentes locais foram convertidos violentamente ao Cristianismo por missionários, ameaçados com castigos ou confisco (roubo) de terra, títulos ou propriedades. Para escapar à Inquisição, milhares de goeses fugiram e estabeleceram-se nas cidades vizinhas de Mangalore e Karwar.
 
A decadência do porto no século XVII foi conseqüência das derrotas militares dos portugueses para a Companhia Neerlandesa das Índias Orientais dos Países Baixos no Oriente, tornando o Brasil e, mais tarde, no século XIX, as colônias africanas, o centro econômico de Portugal. Houve dois curtos períodos de dominação britânica (1797-1798 e 1802-1813) e poucas outras ameaças externas após este período.
 
No contexto da descolonização, após os Ingleses terem deixado a Índia (1947) e os Franceses (1954), o governo português, liderado por António de Oliveira Salazar, recusou-se a negociar com a Índia. Por essa razão, de 18 para 19 de Dezembro de 1961 uma força indiana de 40.000 soldados conquistou Goa, encontrando pouca resistência. À época, o Conselho de Segurança da ONU considerou uma resolução que condenava a invasão, o que foi vetado pela União das Repúblicas Socialistas Soviéticas. A maioria das nações reconheceu a ação da Índia, mas Portugal apenas a reconheceu após a Revolução dos Cravos, em 1974 e desta forma, Goa deixou de ser um cantinho português para retornar às suas origens.
 
Em 2006, após algumas publicações sobre a origem de minha família Mascarenhas, que eu jurava haver muitos descendentes ainda na Espanha (dos Mascareñas) e Portugal, fui surpreendido por um telefonema de Goa onde o Prefeito Cape Rama em bom português, além de me convidar para visitá-lo, afirmou que milhares de Mascarenhas estão na Índia há séculos, portanto, além de Goa também falar português, eu tenho laços diretos com ela!
 
NA CHINA, MACAU
 
O nome é Região Administrativa Especial de Macau da República Popular da China e desde a madrugada de 20 de dezembro de 1999 que ela não mais pertence a Portugal. Antes da data, Macau foi colonizada e administrada pelos lusitanos há cerca de 400 anos e era considerada como um dos melhores entrepostos portugueses desde as boas épocas das conquistas.
 
Esta administração teve começo em meados do século XVI, quando Macau foi colonizada e ocupada gradualmente pelos portugueses. Estes últimos rapidamente trouxeram prosperidade a este pequeno pedaço de terra, tornando-a numa grande cidade e importante intermediário no comércio entre a China, a Europa e o Japão, fazendo com que ela atingisse o seu auge nos finais do século XVI e nos inícios do século XVII.
 
Só em 1887 é que a China reconheceu oficialmente a soberania e a ocupação perpétua portuguesa sobre Macau, através do "Tratado de Amizade e Comércio Sino-Português”. Em 1967, após um motim chinês, Portugal revogou a ocupação perpétua. Em 1987, após intensas negociações entre Portugal e a República Popular da China, os dois países concordaram que Macau iria passar de novo à soberania chinesa no dia 20 de Dezembro de 1999. Atualmente, Macau está a experimentar um grande e acelerado crescimento econômico, baseado no acentuado desenvolvimento do sector do jogo e do turismo, as duas atividades econômicas vitais desta região administrativa especial chinesa.
 
Com menos de 600 mil habitantes, Macau vive dias diferentes há 10 anos; a língua portuguesa ainda persiste em algumas ruas, escolas e comércios, mas o chinês já dá sinais de abafar a velha língua lusitana. A língua oficial de Macau ainda é o português e como ele não é um Estado independente, não participa também, da mesma forma que Goa na Índia, da Comunidade de Países de Língua Portuguesa.
 
Seja na China, seja na Índia, milhares de família continuam falando o nosso velho e engraçado português; língua que está sofrendo mais uma intervenção política cujo sentido é unificar a forma de falar e escrever em todos os lugares do planeta que a adote como língua mãe.
 
Falamos de Angola, Guiné Bissau, Cabo Verde, Moçambique e agora China e Índia; resta-nos falar de Portugal, São Tomé e Príncipe, Timor Leste e é claro, do Brasil. Nos encontraremos nas próximas edições!
 
 
Carlos Henrique Mascarenhas Pires
www.irregular.com.br
 

CHaMP Brasil
Enviado por CHaMP Brasil em 11/09/2009
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