Correspondências entre Manuel Bandeira e Mário de Andrade
Manuel Bandeira (1886-1968), pernambucano e Mário de Andrade (1893-1945), paulista. A amizade entre os dois poetas foi intensa e duradoura. Um nutria pelo outro uma grande admiração, por isso, era muito comum que emitissem uma análise crítica sobre o texto do outro. Dentre inúmeras correspondências entre ambos, resolvi postar estas duas:
"Rio de Janeiro, 27 de dezembro de 1924
Mário,
Antes de entregar os meus versos à tipografia, mandei-os a você, pedindo-lhe que os criticasse: O meu desejo era que você fizesse com eles o que eu a seu pedido, (sic) faço com os seus: Uma espinafração isenta de qualquer medo de magoar ou melindrar - crítica de sala de jantar de família carioca, de pijama e chinelo sem meia (...).
Manuel Bandeira"
"São Paulo, 29 de dezembro de 1924
Manuel,
A tua carta de agorinha me entristeceu, me alvoreceu, me alegrou, mas sobretudo me entristeceu. Começa com aquela queixa, espécie de gemido amigo, tão silencioso "Antes de entregar os meus versos à tipografia, mandei-os a você, pedindo-lhe que os criticasse etc". E dizes que eu não critiquei. Fiquei corrido de vergonha e principalmente triste (...).
Mário de Andrade"