CAMINHO DAS ÍNDIAS: A Redenção pelo Bhagavad-Gita

Ser, estar, parecer, permanecer, continuar, ficar e tornar-se ligado a Deus, em comunhão com Ele, eis a essência do BHAGAVAD-GITA (A Canção de Deus), um poema épico, versificado em sânscrito e narrado pela própria Suprema Personalidade de Deus Manifesta (KRISHNA), há mais de cinco mil anos, ao seu amado amigo e fiel devoto Arjuna, que se encontrava aflito no campo de batalha de Kurukshetra, diante de um iminente conflito, onde lutaria contra parentes e importantes personalidades da época, destacados no exército inimigo.

A saga do guerreiro Arjuna, uma alma aflita por um destino implacável e atendida pela Providência Divina, chega até nós como a epítome da redenção, pois, ali no campo de batalha, o Senhor Krishna ensina ao guerreiro os mistérios da vida e a ciência da auto-realização, ao transmiti-lo o conhecimento transcendental da Verdade Absoluta em contraposição ao condicionamento dos encantos do mundo material.

O Bhagavad-Gita é uma das principais obras da filosofia indiana, difundida no ocidente, principalmente, pela religião Vaishnava do Movimento Hare Krishna, liderado pelo sábio Bhaktivedanta Swami Prabhupada, que o traduziu e o comentou em seu livro Bhagavad-Gita – Como Ele é, do qual farei respeitosa referência em algumas citações.

Crer em Deus, na imortalidade da alma e nas leis do Karma, são premissas indispensáveis para a compreensão da filosofia indiana, porém, como bem ensinou Prabhupada, é preciso que se compreenda cientificamente a reencarnação e as leis do Karma e aprimorar a nossa relação com Deus, através da Bhakti Yoga, que preceitua o amor ao Senhor Supremo e a devoção constante como o caminho para a suprema conexão com Ele, muito além da simples crença.

Sobre a reencarnação, destaco, do Bhagavad-Gita – Como Ele é (Cap. 02, v. 13), o momento em que o Senhor Krishna consola Arjuna na linha de frente da batalha, porquanto a morte logo estaria por todas as partes :

“Assim como, neste corpo, a alma corporificada seguidamente passa da infância à juventude e à velhice, do mesmo modo, chegando a morte, a alma passa para outro corpo. Uma pessoa ponderada não fica confusa com essa mudança.”

E sobre a imortalidade da alma, o verso 12 do mesmo capítulo é magnífico e revelador:

“Nunca houve um tempo em que Eu não existisse, nem tu, nem todos esses reis e no futuro nenhum de nós deixará de existir.”

Segundo os ensinamentos do Gita, desejamos em algum momento desfrutar do mundo material e, por misericórdia do Senhor Supremo, descemos da plataforma espiritual pura, acompanhados de sua expansão plenária, Superalma, que habita os corações de todos os seres vivos (Onisciência), e assumimos um corpo, enredados nos três modos da natureza (Bondade, Paixão e Ignorância), cuja influência conjunta ou individual determina o direcionamento de nossas ações, ao passo em que somos imediatamente condicionados pela Energia Ilusória (Maya) do Senhor, responsável pelo esquecimento da nossa essência divina e pelo distanciamento de nossa relação com Deus, sujeitos, então, às circunstâncias comuns da vida, às leis do Karma e presos ao longo ciclo de reencarnações.

De acordo com os ensinamentos do próprio Senhor Krishna, a libertação dessa condição inauspiciosa alcança-se da seguinte maneira (verso 21, cap.14):

“Ó filho de Pandu, aquele que não odeia a iluminação, o apego e a ilusão quando estão presentes nem os deseja quando desaparecem, que não se abala nem se perturba com quaisquer das reações das qualidades materiais, permanecendo neutro e transcendental, sabendo que os modos é que são ativos, que está situado no “eu” e tem o mesmo comportamento diante da felicidade e do sofrimento, que olha para um torrão de terá, uma pedra e um pedaço de ouro com a mesma visão, que é igual para o desejável e o indesejável, que é estável, igual no louvor e na repreensão, honra e desonra, que dá o mesmo tratamento ao amigo quanto ao inimigo, e que renunciou a todas as atividades materiais – diz que essa pessoa transcendeu os modos da natureza.”

O Senhor também prescreve o processo para obtenção do verdadeiro conhecimento (Cap.13, V.08 a 12), o qual culmina em serviço devocional e amor irrestrito a sua Suprema Personalidade:

“Humildade, modéstia, não-violência, tolerância, simplicidade, aproximar-se de um mestre espiritual genuíno, limpeza, firmeza, autocontrole, renúncia aos objetos de gozo dos sentidos, ausência de falso ego, a percepção segundo a qual o nascimento, a morte, a velhice e a doença são condições desfavoráveis, desapego, estar livre de enredamento com filhos, esposa, lar e o resto, equanimidade diante de acontecimentos agradáveis e desagradáveis, devoção constante e imaculada a Mim, aspirar a viver num lugar solitário, afastar-se da massa geral de pessoas, aceitar a importância da auto-realização e empreender uma busca filosófica da Verdade Absoluta – declaro que tudo isto é conhecimento e algo diferente disto é ignorância.”

Porém, Prabhupada assegura que cantar o mantra: “Hare Krishna - Hare Krishna, Hare Krishna, Krishna Krishna, Hare Hare / Hare Rama, Hare Rama, Rama Rama, Hare Hare” é o método mais recomendado e mais fácil para a auto-realização nesta era desafortunada em que vivemos, pois, segundo ele, baseado nos ensinamentos dos Vedas, não há diferença entre o Senhor e o Seu santo nome, o que significa dizer que quem cantar estará se conectando a Ele, em comunhão.

HARI BOL

G Matos
Enviado por G Matos em 09/09/2009
Código do texto: T1800585
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