O Mal de Adamski (V)

ADEUS AOS DISCOS VOADORES

Aproveitando-se da boa recepção de suas obras na Europa, entre 1958 e 1960 Adamski expande suas palestras sobre a “Filosofia Cósmica” dos visitantes, para aquele continente. Consta que teria sido recebido até pela rainha Juliana da Holanda (em 1958 segundo alguns, ou precisamente em 18 de Maio de 1959, segundo outros). Todavia, aquele que seria seu encontro mais famoso e controvertido só ocorreu em 31 de Maio de 1963, em Roma. Acompanhado de suas colaboradoras May Morlet e Louise (Lou) Zinsstag, Adamski estava em meio aos turistas na Praça de São Pedro quando pediu à ambas que aguardassem enquanto ele ia ao Vaticano resolver um importante assunto da parte dos ufonautas. Desapareceu por uma porta lateral e retornou pouco menos de uma hora mais tarde, dizendo que havia ido aos aposentos do papa João XXIII, que agonizava vítima de câncer. Segundo seu relato, o papa estava realmente mal, mas ainda apresentava uma saudável “tez rosada”. Agradecido pela visita de Adamski, João XXIII o teria presenteado com uma “Medalha Dourada de Honra” (“Medalha da Paz”, segundo outras fontes), a qual teria sido identificada posteriormente por um numismata romano como uma lembrança para turistas produzida por uma sociedade de Milão. A autenticidade do encontro e do presente poderiam ser teoricamente confirmados pelo outro participante – o papa – mas lamentavelmente, três dias após a suposta visita, ele morreu.

Dois anos antes deste evento, todavia, Adamski lançou aquele que seria seu último livro na série das viagens com os “Irmãos do Espaço”, não por acaso batizado como “Behind the Flying Saucer Mystery / Flying Saucer Farewell” (“Por Trás do Mistério dos Discos Voadores / Adeus aos Discos Voadores”, 1961). Na obra, Adamski sustenta a tese de que a atenção dos ufonautas foi despertada pela emissão de ondas de radar contra a face da Lua promovida pelo exército norte-americano em 1946. Os sinais teriam sido respondidos pelos postos de escuta extraterrestres situados em Marte e Vênus, mas, não havendo reação do emissor, decidiu-se enviar naves de reconhecimento para o local da transmissão – o que explicaria o fato das primeiras aparições de OVNIs terem ocorrido nos Estados Unidos.

O ponto alto do livro é a apresentação da teoria de Adamski para a organização do Sistema Solar. Este seria composto por 12 planetas e três cinturões de asteróides. Os dois cinturões internos (entre Marte e Júpiter e entre Netuno e Plutão) teriam o papel de válvulas retificadoras dos raios solares, tornando as condições ambientais homogêneas para todos os planetas, de Mercúrio até o último planeta. O terceiro cinturão, além do 12° planeta, manteria o Sistema Solar em equilíbrio, dando-lhe unidade e separando-o de outros sistemas solares. O curioso é que pela cosmogonia de Adamski, os planetas envelhecem e antes que “morram”, um novo planeta é extraído de um dos cinturões de asteróides para ocupar o seu lugar. Na verdade, o planeta envelhecido não é destruído, como se poderia supor; ele apenas “muda de estado”, como a água que quando aquecida, transforma-se em vapor.

“Flying Saucer Farewell” teve uma recepção bem menos entusiástica do que as publicações anteriores, principalmente pelo fato de que, nesse ínterim, os soviéticos haviam lançado com sucesso a sonda Luna 3, que em 1959 fotografou pela primeira vez na História a face oculta da Lua. E o que as fotos em preto e branco revelaram foi devastador para a cosmogonia de Adamski: a superfície da face oculta lembrava muito a aridez da face visível, ou seja, nada mais que areia, rochas e crateras. Instado a fazer um comentário sobre essa discrepância, Adamski defendeu-se afirmando que os soviéticos haviam retocado as fotografias para enganar os norte-americanos. Curiosamente, embora não tenha sido algo proposital, uma das fotos da Luna 3 mostrava o que seria uma grande cadeia de montanhas no lado oculto. O acidente geográfico foi pronta e orgulhosamente batizado de “Montes Soviéticos”. Descobriu-se depois que os tais montes nunca existiram; tratava-se apenas de um erro na transmissão da imagem via rádio...

Se os anos 1960 marcaram um tempo de descrédito para George Adamski, a sua estranha história estava longe de um fim. Em 26 de Fevereiro de 1965, ao lado da amiga Madeleine Rodeffer durante uma estadia em Silver Spring, Maryland, ele testemunhou pela última vez o vôo de um disco voador sobrevoando árvores próximas. Desta vez, contudo, os “Irmãos do Espaço”, haviam-no avisado previamente do acontecimento e recomendaram que mantivesse uma filmadora pronta para qualquer eventualidade. O registro, feito em 8 mm, é considerado um dos mais convincentes jamais efetuados em toda a história da ufologia. O fato do disco voador ter seu formato distorcido de quadro para quadro parece indicar, segundo alguns engenheiros aeronáuticos, a presença de um poderoso campo gravitacional produzido pelo aparelho. Poucos meses depois desta filmagem, em 23 de Abril de 1965, George Adamski morreu, vítima de um ataque cardíaco.

Um dia depois da morte de Adamski, um cidadão denominado Arthur Bryant, teria deparado casualmente em Scoriton, Inglaterra, com um disco voador do qual saiu um grupo de ufonautas de aparência nórdica. Um deles era jovem e apresentou-se como “Yamski”, dizendo ter uma mensagem para “DesLes”. Esse era o apelido pelo qual George Adamski costumava chamar Desmond Leslie. Em seguida, um segundo OVNI teria deixado dois objetos no solo: um fragmento de aeronave (talvez do caça do capitão Mantell, destruído quando se aproximou em demasia de um disco voador durante uma perseguição aérea em 1952) e um frasco de vidro, contendo areia prateada e uma folha de papel com uma frase em grego significando “de Irmão para Irmão”. Seria essa a mensagem para Leslie?

E, o que é ainda mais curioso: Bryant parecia-se muito com o falecido Adamski.

(continua)