ESCUTANDO A INTUIÇÃO

ESCUTANDO A INTUIÇÃO

É preciso saber ouvir os sinais. "Tu vens, tu vens, e eu já escuto teus sinais" (...), música de Alceu Valença que pode ilustrar um pouco do que queremos sobre os "SINAIS", principalmente se considerarmos que vivemos em plena era do conhecimento. Neste fundamento é que resgatamos alguns princípios básicos para integrar essa rede de pensamentos que nos permitirá, dependendo de cada grau de percepção, uma maior sintonia sobre as acontecências da nossa vida.

Essa compreensão não é simplista se considerarmos que implica num certo grau de evolução interior de cada um, diante dos seus processos de interatividade no trabalho, na escola, na família, enfim, no dia-a-dia. Mister se faz, portanto, uma sólida concepção do amor, do bem, da caridade, do perdão, do sentido que a vida tem que ter em nós e com os que nos rodeiam.

É preciso saber ouvir os sinais, repetimos. É preciso saber ouvir os sinais, repetimos novamente, como simbologia da responsabilidade que isto implica, principalmente para quem não dispõe de substrato conceitual do assunto. Essa necessidade imperiosa de saber ouvir, nos remete a outros atores cujo envolvimento com determinadas religiões, seitas, etc., os leva a banalização disto. Essa banalização é sintomática nas pessoas que se imiscuem em processos incompatíveis

de comunicação mental, ou seja, se empolgam por fazerem parte de correntes religiosas e logo tudo atribuem aos "recados". Temos visto muitos adeptos do xangô, macumba, umbanda, etc., que inadvertidamente utilizam desta verbalização como forma de se autoafirmarem diante de grupos. Lembramos que a maioria das pessoas dessas religiões não faz mau uso dos "recados", posto serem fiéis aos seus ritos e saberem que esse tipo de comunicação quanto menos socializado, mais legítimos passam a ser. Tivemos oportunidade de conviver com pessoas para as quais qualquer coisa era um "recado", mesmo sem a consciência disto, pois nunca se permitiram a níveis de evolução mais estruturada via estudo, pesquisa, contemplação, palestras, doutrinação, dentre outros.

Queremos que fique claro o nosso desvencilhamento de correntes científicas, técnicas e religiosas, embora saibamos que elas entre si se comunicam. Por outro lado, entendemos ser extremamente normal a ocorrência em indivíduos praticantes de religiões, apenas lembrando que não defendemos essas citadas religiões, como pano de fundo para a escuta dos "SINAIS" ou dos "recados", como vimos nos referindo.

Sendo prático sobre assunto tão subjetivo, alertamos que tudo acontece de forma simples e sem aparato formal como local, paramentos, hora, incensos, etc.. No nosso cotidiano, basta que saibamos fazer as ilações sobre os fatos que nos cercam: sua forma, seu grau de repetitividade, sua relação como o nosso momento de vida, mas acima de tudo, compreendendo-nos pelos processos das nossas ações. Poderei declinar um exemplo que aconteceu com uma pessoa que, sabendo do meu interesse por este assunto, relatou-me o seguinte:

Encontrava-se Maria (nome fictício) em Fortaleza e queria ir conhecer uma feirinha de artesanato que ficava num bairro meio distante. Maria chamou outra amiga por nome Josefa, igualmente fictício e foram. Informaram-se no hotel como fariam para pegar ônibus e o rapaz do hotel explicou bem miudinho o roteiro. Resultado: elas passaram mais de 40 minutos no ponto de ônibus quando decidiram perguntar a outra pessoa que se encontrava no mesmo ponto. Ouviram como resposta que aquele ônibus que elas esperavam parava mais adiante em outro ponto. Então elas foram mais ou menos uns 500 metros e esperaram outros 30 minutos quando enfim, eis que o mesmo aparece. Elas adentram e falaram para o cobrador (trocador) que ele as avisasse quando estivesse próximo da parada que dava acesso a tal feirinha. O cobrador, por sua vez, deu sinal que aquela era a parada que deveriam descer e elas assim o fizeram. Resultado: não era aquela a parada que daria acesso a tal feirinha, pois o cobrador, ao que tudo indica, trocou as bolas. Pergutaram novamente a outra pessoa que se encontrava naquele local e foram informadas que elas desceram duas paradas antes do destino pretendido. Finalmente, Maria começou a escutar os sinais. Fez todas as ilações e preferiu entender que voltar pro hotel poderia ser a melhor alternativa, pois havia um sinal subentendido nos desencontros desse trajeto. Resultado: andaram mais um pouco e pegaram outro ônibus até o terminal. Lá, retornaram noutro ônibus e foram dormir sãs e salvas. Claro que Josefa não tinha essa compreensão, mas Maria, de forma tranquila explicou o seu sentimento com o qual nós também concordamos. Detalhe: Maria é Psicólgoga e exercita com muita prudência essa "escuta dos sinais". Essa história verdadeira me foi contada no dia seguinte no café da manhã. Nesse viés, arrematamos: será que isto não as livrou de um acidente? Ou de um assalto? Ou de qualquer outra intercorrência desagradável? Mas alguém poderá arrematar que não há garantias do que de fato poderia acontecer. Pelo sim, pelo não, Maria acertou e fez muito bem em voltar com Josefa para o hotel. Minha avó já dizia: "boa Maria faz quem está em sua casa em paz". Claro que muitos outros aspectos se interpõem nessa configuração, mas serve para o contexto que queremos expor.

Particularmente já passei por momento de escuta importantes. Muitos deles não dei "ouvidos" e me "ferrei". Atualmente, após vários exercícios bem sucedidos, fico firme com minhas antenas ora em AM oura em FM e tenho tido ótimos resultados. Lembramos que o forte detalhe dessa escutas é o processo intuitivo, pois não podemos deixar a intuição se perder no formalismo das nossas convicções intelectivas, culturas e morais. Não se trata disto, mas não foge disto em sua totalidade, considerando que nada no mundo do conhecimento acontece em forma de apêndice. Refutamos a força que tem o pensamento positivo ou se quisermos ser mais poéticos, buscar em Caetano Veloso: " é incrível o poder que as coisas parecem ter, quando elas precisam acontecer"... Geralmente acrescentamos que o contrário é igualmente verdadeiro.

Portanto, temos que compreender o nosso sistema cognitivo particular e todos os movimentos que temos para interagir com as pessoas.

Não vemos necessidade de que tudo seja verbalizado, até porque a maioria das pessoas atribui isto a coisas macabras, do "capiroto", do "rabudo". Mas, também, não podemos deixar de dizer que a ciência já não ignora tanto o poder da INTUIÇÃO, do pensamento positivo. Questões menores, se considerarmos que o terceiro milênio representa, na prática, a consolidação da era do conhecimento, mesmo levando em conta o acerbamento da violência em todos os níveis e em plena era transcendental.

Deste modo, deixo a todos como contribuição, uma melhor escuta dos seus "SINAIS", mas com os devidos cuidados para que não pareça banalização. Ninguém precisa saber das suas escutas, só você e suas circunstâncias, nessa rede mental que nos remetemos todos os dias quer queiramos ou não.

CARLOS SENA, DOS ARRE (DORES) DE BOA VIAGEM, NO RECIFE-PE.