Futuro (bem) passado

Como será o amanhã? Com exceção de profetas, cartomantes e videntes, não há quem possa responder esta pergunta seriamente. Todavia, no campo da ficção (não necessariamente científica) muito já se fez no intuito de dar às pessoas de hoje um vislumbre das maravilhas e - horrores - do futuro.

Um bom exemplo disso é a série de TV britânica “U.F.O.”. Produzida entre 1969-70, a ação transcorria supostamente 10 anos depois, em 1980, quando a humanidade travava uma guerra não-declarada contra alienígenas vindos do espaço exterior a bordo dos tais “UFOs” (ou OVNIS, em português). O ano de 1980 da série pouca coisa tem a ver com o 1980 real, a começar pela moda: veem-se muitas minissaias e o personagem principal (o comandante Ed Straker), usa quase sempre um “terninho Mao”, roupas típicas dos anos 1960. Compreensivelmente, fora do campo espacial, a tecnologia exibida ao longo da série não é muito diferente daquela de 1970; os carros são “futurísticos” (portas que abrem para cima e muito plástico, por exemplo), mas nenhuma alusão a novos combustíveis ou fontes de energia.

A TV brasileira nunca chegou a ir tão longe, mas de vez em quando alguns programas (quase sempre humorísticos) tentam satirizar situações presentes projetando-as para um futuro não muito distante. É este o caso da suposta “profecia dos Trapalhões” que anda circulando pela internet, um quadro especial gravado para marcar a reconciliação de Renato Aragão com seus companheiros de elenco.

Explica-se: em 1983, após uma briga pela divisão dos lucros obtidos com “Os Trapalhões”, o quarteto esteve separado durante seis meses (Renato Aragão de um lado e Dedé, Mussum e Zacarias do outro). Nesse ínterim, o terceto lançou um filme (“Atrapalhando a Suate”) através de sua produtora de vida curtíssima, a DEMUZA (DEdé – MUssum – ZAcarias), enquanto Renato Aragão contra-atacava com “O Trapalhão na Arca de Noé” e um elenco que incluía Xuxa e Sérgio Mallandro. Contornados (ao menos aparentemente) as divergências em torno do dinheiro do grupo, “Os Trapalhões” iniciaram nova fase na carreira e continuaram a fazer muito sucesso, até a morte de Zacarias, em 1990, e de Mussum, em 1994.

A tal “profecia” mostra Chico Anysio divagando em 1983 como estariam algumas celebridades televisivas no remoto ano de 2008, 25 anos no futuro. Uma destas celebridades é ele mesmo (comparando com a realidade, está bem mais combalido hoje). As outras, são “Os Trapalhões”: em 2008, Mussum e Zacarias já morreram (profecia sinistra, hein?) e seus filhos, interpretados pelos próprios, tentam reconciliar Didi e Dedé que haviam brigado 25 anos antes. Curiosamente, em 2008 Didi e Dedé voltaram a trabalhar juntos na Rede Globo.

Naturalmente, trata-se apenas de mera coincidência...