O DESEMPREGO ESTRUTURAL
“A sociedade informática não garante
automaticamente o paraíso”.
Adam Schaff, em A sociedade informática.
Se a lançadeira pudesse tecer sem que mão alguma a guiasse, disse Aristóteles, não haveria necessidade de escravos Ao tempo de Aristóteles era tão remota essa possibilidade que ele nunca pensou no que seria feito dos escravos.
Quando as inovações técnicas da Idade Média e a Revolução Industrial dos séculos XVIII e XIX permitiram acabar com a escravidão, continuou a haver necessidade de mão-de-obra intensiva na agricultura e na própria indústria.
A Revolução Tecnológica de nossos dias, associada ao modelo neoliberal, privilegia o capital intensivo e reduz ao mínimo a necessidade de mão-de-obra. Grandes empresas de países ricos como os Estados Unidos e o Japão estabelecem metas de redução do nível de emprego.
Relatórios da ONU e da OCDE demonstram que o desemprego que assola países ricos e países pobres é estrutural, isto é, não resulta de uma passageira conjuntura desfavorável. Tanto nos países pobres como nos ricos, milhões de pessoas estão desempregadas e, na sua maioria, sem nenhuma esperança de reencontrar uma ocupação economicamente ativa.
Está na hora de pensarmos no que Aristóteles não pensou: o que fazer com a força de trabalho que não tem mais trabalho?
É evidente que a resposta a esta pergunta não pode ser encontrada num modelo econômico em que o destino de todos, nos quatro cantos do mundo, está se tornando cada vez mais dependente das decisões tomadas por e no interesse de algumas poucas empresas gigantes.
Técnicos das Nações Unidas dizem que é necessário investir em novos modelos de desenvolvimento centrados na pessoa humana e sustentáveis ecologicamente. São nesse sentido as recomendações de sucessivos Relatórios do PNUD (Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento) nos quais encontramos algumas afirmações que batem de frente com o blablablá neoliberal: o mercado tem que ser orientado para servir às pessoas; o crescimento econômico não cria, necessariamente, mais empregos; privatização não é uma panacéia e é grande o risco de transferir monopólios estatais para as mãos de monopólios privados.