BEYONCÉ VOLTARÁ UM DIA PARA MIM?
Uma amiga escreveu-me uma surpreendente análise do meu artigo "Quando Se Ama Uma Criaturinha de Deus" sobre o Zézim Gato (http://www.recantodasletras.com.br/artigos/846508) mostrando muita criatividade e pureza de sentimentos. Foi tocante saber que gostou tanto do material, e se sentiu tão tocada por certas coincidências com acontecimentos em sua própria vida, que as lágrimas não paravam de correr-lhe pelas faces.
Quem dera as coisas fossem diferentes e certos bons eventos na vida pudessem ser revertidos, em vez de sumirem no implacável rodemoinho da história, ao mesmo tempo em que más ocorrências também fossem revertidas e neutralizadas na vida de cada um.
Mas a realidade é que não podemos trazer de volta o que desapareceu para sempre. Eu gostava muito daquele gatinho sobre o qual escrevi o artigo. Nunca tive tanto apego a um animal como o que sentia pelo Kiko. E como disse no artigo, mantenho o pensamento de que no novo mundo Deus terá uma surprezinha para os remidos e trará de volta os animaizinhos que amamos nesta vida.
Isso me faz pensar também na Beyoncé. Ops, não se trata da famosa cantora. É uma cachorrinha de certa família que mora do outro lado da rua, algumas casas mais para cima, e que às vezes escapava e vinha até nossa casa. Ela era mansinha, e bem peluda, da raça Collie, parecida com a Lassie dos velhos tempos da série da TV de meus tempos de criança e adolescente, só que menorzinha. Eu me preocupava com suas travessias da rua, um tanto movimentada, mas ela era bem esperta e experiente nessa arte. Ficava brincando com a nossa cadela Tabby no quintal dos fundos ou dentro da casa. As duas se davam muito bem.
A dona dela ficava fora o dia inteiro, e a pobrezinha permanecia solitária no quintal, daí que às vezes conseguia se espremer por debaixo do portão e vir até nossa casa. Eu a recepcionava com afeto, e um dia até dei-lhe um banho, aproveitando que estava banhando a amiga dela. Depois soube que a dona da Beyoncé ficou muito intrigada em ver a sua cadela tão mais limpa, e não sabia o que se passara. . . Daí a Clé, minha esposa, lhe contou o que havia ocorrido. Foi divertido.
Após certo tempo, porém, não havia mais visitas da Beyoncé. O que tinha havido? Às vezes eu passeava com a Tabby e fazia questão de parar em frente da casa dela, e de pronto ela vinha até o portão só para nos ver passar. Daí as amigas se cheiravam pelas frestras do portão, e era tudo. Eu dizia um "bye, bye" e continuávamos nosso caminho.
Passado um tempo, a Clé me contou que a dona da Beyoncé lhe dissera que houve um tiroteio na vizinhança uma noite e uma bala perdida a acertou, e com isso a pobrezinha morreu. Não acreditei muito na história, embora nossa cidade realmente tenha fama de ser violenta. Segundo certo dado estatístico que vi num jornal regional, seria a 13a. cidade mais violenta dos Estados Unidos!
Fiquei triste com o caso. Se verdadeiro o relato, a pobrezinha que era tão hábil para atravessar a rua movimentada, escapando do perigo dos enormes veículos em movimento, não tivera a mesma habilidade para escapar-se de uma diminuta bala perdida! Aí talvez haja uma lição para nós--os grandes perigos na vida nem sempre são de coisas grandes, visíveis. Certas pequenas coisas, invisíveis ou quase invisíveis, é que podem ser letais.
Agora, toda vez que passo na frente da casa onde morava Beyoncé com a Tabby lembro-me da cadelinha amiga, mansinha, tão bonitinha e carente. . . Daí penso comigo mesmo--quem sabe ela também me será devolvida naquele mundo restaurado que é prometido na Bíblia. . . Daí eu terei as duas cadelas e o gatinho como eternos companheiros. E se agregarão a outros de meus animais de estimação da infância, nesse local de felicidade imorredoura. . .
É tudo quanto posso esperar, nada mais a fazer. . . Só uma ação divina para fazer reverter a companhia desses queridos seres.
Acho que com mais essa historieta, como a do Kiko, os leitores vão pensar que eu seja maníaco por animais, mas não é bem assim. . . Contudo, pode revelar que sou um homem de fé, que espera pelas ações divinas a coisas que não tenho meios de resolver. De fato, quando houve ocasiões em minha vida em que não via saída, seja olhando para a direita, ou para a esquerda, ou para a frente, ou para trás, e muito menos para baixo, só me restava olhar para cima--e daí vinha uma solução inesperada e melhor do que qualquer coisa que eu mesmo imaginasse como o ideal para a minha existência.