POR QUE SOU PROFESSOR(A)?

Certamente todo profissional da educação já se fez essa pergunta um dia. Há aqueles se fazem essa pergunta todos os dias e outros, que de tão convictos quanto à vocação, talvez nunca a fizeram. Na verdade, houve um ou outro motivo para que você ingressasse na carreira docente: influência da família, vocação, condição financeira, entre outros.

Geralmente, quando crianças, na escola, ouvimos aquela velha pergunta: “o que você vai ser, quando crescer?”. Daí brotam as mais supervalorizadas profissões: “médica”, “juiz”, “engenheiro”, até que um diz “professor”, nesse momento, parece que todos se voltam para o sujeito com um ar de quem diz “Coitado, ele(a) não sabe o que está falando”. Há até professores, que em aulas onde se discute a vocação profissional, dizem aos seus alunos: “Por favor, estudem para não serem professores!”!

Mas, afinal de contas, o que faz com que uma profissão tão antiga e nobre (pois são professores que contribuem para a formação de médicos, juízes, engenheiros, etc.) seja tão desvalorizada atualmente?

Planejamento, diários de classe, avaliações, atualizações, projetos escolares, sábados letivos, rendimento, entre outros, são algumas das atividades cotidianas do professor que exigem técnica, conhecimento, compromisso, tempo e em contrapartida há a baixa remuneração, péssimas condições de trabalho, estresse. Nesse contexto, quem se arrisca ser professor? É possível ser um bom professor? Por uma ou várias razões, você se tornou um(a) professor(a)! E agora? Qual será sua postura diante dessa escolha?

Há quem se arrependa amargamente da escolha, por descobrir mais tarde que não tem vocação, não tem o “jeito” pra tal profissão e que acaba descarregando sobre os alunos e sobre os colegas de trabalho seus dissabores, não sorri, não se envolve, só critica. Há os que não tinham vocação, mas que se envolveram de tal maneira com a educação, sendo excelentes profissionais e que estimulam outros colegas a sê-lo. Há os professores vocacionados, que se doam, que procuram fazer sempre o melhor, são motivados e não se deixam levar pela letargia de outrem, não se deixam abater pelos “espinhos” da profissão.

Não sei, nem é de meu desejo saber em qual dos perfis acima você se enquadra. O importante é que você fez uma escolha. Se você sempre soube ou apenas agora descobriu que ser professor não é profissão para você, trate de pensar numa outra coisa o quanto antes, busque a felicidade, a satisfação. Não é justo que outras pessoas paguem por uma escolha errada.

É lamentável ouvir de colegas de profissão piadinhas do tipo: “Mamãe me disse pra estudar mais e olha o que eu sou...”, “Não me seqüestre, sou professor”, comentários depreciativos, que só empurram mais pra baixo o respeito, a autoestima. Isso é que é pior, quando chegamos ao ponto da auto-desvalorização.

Ser professor, professor de verdade, não é se preocupar apenas com o bom aprendizado de uma disciplina, pois educar significa bem mais, significa ser coerente, responsabilizar-se pela formação escolar de um aluno e também assumir a responsabilidade no papel que essa formação permitirá que o aluno assuma no contexto social. Trata-se de um compromisso ético que se deve ter com os alunos e com o mundo e por que não dizer consigo mesmo.

Precisa tomar consciência da importância de sua atuação nesse processo, deve analisar o reflexo de suas posturas metodológicas e de suas estratégias didáticas a fim de verificar se está realmente educando para a autonomia e para a cidadania.

É um trabalho árduo, que exige compromisso, mas que é, sem dúvida, de um imensurável valor social.

POR QUE VOCÊ É PROFESSOR(A)?

Charlie Cardoso. Pedagogo e professor do Ensino Fundamental.