O Segredo do Bom Ânimo
Impressiona-me como as circunstâncias estabelecidas conseguem acuar, cercear, encurralar o ser humano. Vivo a era dos medos democraticamente socializados e distribuídos. Vive-se por aí não na perspectiva dos possíveis benefícios, mas dos prováveis malefícios. Por esta razão as patologias e nevralgias da alma têm lotado os consultórios e produzido diagnósticos de tristeza, ansiedade, depressão, síndromes do pânico, stress, dentre outros.
Fazer a leitura dos fatos desta maneira não nos remete a novidade de espécie alguma. Todos sabem que as pressões atuais se dão desta forma e que o homem pós-moderno adoece na alma, antes de adoecer no corpo. Por esta razão desejo efetivar uma conversão conceitual neste texto, rumando para as possíveis soluções que Deus nos apresenta ao mundo que geme.
Em primeiro lugar, lembremo-nos que de há muito, Deus se especializou em considerar os gemidos e angústias humanas. No Êxodo, mais especificamente no terceiro capítulo, Ele se apresenta à Moisés falando acerca das angustias e pressões promovidas pelos egípcios sobre os israelitas, na escravidão austeramente estabelecida sobre os hebreus. O quadro era tão denso que o povo opresso soltava seus gemidos existenciais de maneira anônima e oculta, mas tal atitude não passava ao largo do olhar de Deus. Antes disto, fez com que Deus se movesse no cumprimento de suas promessas para com os descendentes de Abraão, ao ponto de “descer” para livrá-los, usando Moisés como libertador nesta empreitada. Isto mostra que Deus, o mesmo que se importou com os gemidos dos israelitas, se importa e promove ações de libertação para com os gemidos nossos.
Em segundo lugar compreendamos que neste mundo de ambigüidades estaremos expostos aos desafios e aflições, das mais variadas espécies e fontes, relacionais, profissionais ou espirituais. Existir pressupõe sobreviver, sobreviver pressupõe lutar, e as lutas pressupõe emoções diferenciadas. “ No mundo tereis aflições...” Foi o que Ele nos disse. Questionar, conflitar, contender ou desesperançar não se constituirão em comportamentos adequados aos que pretendem o êxito em suas tribulações. Aquele que nos falou sobre as aflições pertinentes à existência humana também nos falou que venceu o mundo. Portanto, disse-nos isto para esclarecer que é possível vencer as pressões.
Em terceiro e último lugar, se é possível vencer os medos, ansiedades, aflições e outras patologias da alma, conforme nos mostra o Senhor Jesus, quais seriam as atitudes que nos conduziriam a tal êxito? O Senhor que venceu as conjunturas o fez na comunhão íntima com o Pai Celestial, em especial na atitude de orar e ter relacionamento com ele. Efetivou também um relacionamento especial com as Sagradas Escrituras, de tal maneira que sua literatura de berço tornara-se evidente nos seus lábios em cada compartilhamento interpessoal. Impactou os relacionamentos de discipulado na dimensão do exemplo e também compartilhando suas necessidades de oração, como ao convidar os seus discípulos para orarem junto consigo. Expressava-se positivamente na restauração das circunstâncias e na mudança dos fatos potencialmente difíceis. Quem se move assim tem mesmo a autoridade de dizer, “no mundo tereis aflições, mas tende bom ânimo, eu venci o mundo”.
Diante das agruras da existência e das realidades difíceis da vida, se você tem Jesus como Salvador e Senhor, há de dizer: “Tenho bom ânimo, porque sei que o melhor de Deus ainda está por vir, para todas as áreas da minha vida”.