Homens Bomba ou homem bomba?
Evidentemente não chamaríamos normais, por mais idealistas que parecem, as pessoais que prendem um elemento com potencial explosivo em seu corpo, culminando o seu desatino com a destruição de si mesmo e de milhares de outros. Ao dizermos estas coisas tornamos explicita a vontade de, neste texto, considerar que os homens bomba, ou mulheres ou pessoas bomba, são definitivamente indivíduos mal resolvidos e doentes em sua perspectiva de vida, aqui e na eternidade.
Parece ausente de contexto a nossa abordagem hoje, uma vez que não tenhamos episódios de homicídios coletivos de tal natureza em nossa nação. No entanto, quero pensar no homem amarrado ao explosivo interno chamado natureza pecaminosa. Este que nós não admitimos e nos corrói o caráter, atinge as nossas atitudes pessoais e relacionais, que faz de nós pessoas amarguradas, odiosas, invejosas, egocêntricas, interesseiras, desrespeitosas, maldizentes, contenciosos, orgulhosos, insensíveis, trapaceiros e estelionatários, sanguessugas relacionais.
Assustou-se com o retrato acima descrito? Claro que sim. Mas se não temos os homens bomba, os loucos idealistas que perderam o senso da ética e da razão, temos o homem bomba, amarrado ao pecado que o faz tornar-se intolerante, assaltante, usuário de drogas, embriagado, pedófilo, endemoniado, trágico sob todos os aspectos.
No que tange ao jeito brasileiro de ser, não temos os terroristas homicidas, mas temos os homicidas relacionais, que matam os casamentos, cometem os abortos, roubam a infância, imergem nas drogas os juvenis que poderiam tornar-se os líderes da nação, os corruptos de profissão que maculam a imagem do verdadeiro ato político e democrático de um país, dentre tantos outros desvios e mazelas.
Jesus também conviveu com homens desta natureza, pescadores e pecadores, políticos, sociopatas, líderes religiosos potencialmente hipócritas, relações escravocratas e usurpadoras, exploração da mulher, infanticídio, habituados às relações indevidas de trabalho e conjuntura corrupta e abusiva de impostos.
Realizando o seu diagnóstico, como antídoto ao homem bomba com quem convivia, Jesus apresentava a mensagem do Reino de Deus. Alguns queriam e desejavam mesmo um novo Reino, uma nova conjuntura política e governamental sem os desvarios da cúpula romana. E para decepção de todos, ao explicitar a mensagem do Reino, Jesus diz que o Reino de Deus estaria dentro do homem, dentro de cada um de nós.
O que Jesus queria dizer com isto? Antes de desbancar, tocar ou tanger a conjuntura externa da sociedade humana é preciso desarmar a bomba relógio espiritual que ecoa o seu tic-tac regressivo dentro do indivíduo. Jesus disse que aquilo que sai do homem é que o contamina, porque esta, em essência, é a sua identidade. Se haverá um Reino de Deus, e se este Reino se estabelece no interno de cada um de nós, o Rei que o governará chamar-se-á Jesus Cristo. Reino pressupõe súditos, gente que se submeta ao governo do Rei. Desta forma, em nossa submissão ao Reino, dentro de cada um de nós, anula-se o potencial mortífero da bomba relógio, programada para nos destruir e aos mais próximos; ativando-se uma nova espécie de poder, o do fogo do Espírito Santo, o qual, ao contrário de destruir, constrói e reconstrói sonhos e esperança entre os homens.
Hoje você passa a compreender porque faz todo o sentido dizer, como sugerido na oração do Pai Nosso: – “Venha o Teu Reino...”.