NÓS (POVO) SOMOS A BOLINHA...
Por que nós - o povo brasileiro - acabamos por ser “a bolinha” no jogo de pingue-pongue? Agora existem dois canais de televisão dando as raquetadas e nós (bolinhas) vamos para lá e para cá, recebendo muitos golpes, sem ao menos saber a razão do jogo, até porque – temos certeza – nenhum desses jogadores está interessado em nossa situação de agredidos. O mais lamentável é que não temos nenhum interesse nessa briga de “cachorro grande” em torno das duas maiores emissoras televisivas deste País. Aliás, somos capazes de perceber que os dois jogadores são velozes, audazes, violentos nas denúncias e não se interessam nem um pouco pela dor que sentimos a cada tacada; continuam a jogar com o verbo e com as palavras como se cada um deles exibisse nos seus bastidores um acervo infinito de condutas favoráveis à Nação brasileira. Talvez essa dupla ainda não tenha percebido que o nosso povo está farto de brigas e precisa ouvir gestos de paz e não de guerra, principalmente quando uma das partes lidera um grupo religioso.
A Rede Globo tudo começou porque viu que a Rede Record estava se organizando e fazendo uma limpa no mercado aonde a emissora concorrente vinha dominando por longos anos. A Rede Record vem crescendo assustadoramente no mundo da mídia, enfrentando o 'bicho papão' da sua concorrente em todos os campos de atuação, no jornalismo, nas tele-novelas, no esporte, tanto que aqui no nosso Estado contratou grandes profissionais que eram da Rede Globo regional e anuncia programas de auditório que se refletirão no interesse do telespectador. Essa movimentação da Rede Record é que está levando a Rede Globo a remexer na vida pessoal de um dos líderes de determinada seita evangélica. Quem um dia reinou, não quer entregar parte do trono a um outro homem coroado.
Ora, como o Bispo Macedo atua no ramo das telecomunicações há um bom tempo e tem uma igreja organizada por algumas décadas, onde construiu um império econômico digno de um grande negócio empresarial, a pergunta que fica no ar é por que a Globo não anunciou há mais tempo todos os desajustes que envolvem a igreja do Bispo Macedo? Por que só agora, depois que viu a Rede Record como uma concorrente de respeito, é que passou a fazer tantas denúncias? Evidente que precisava achar um ingrediente de discórdia para semear uma mancha negra na atuação da empresa adversária com o fim meramente comercial. E a integridade do objetivo a que se propõe uma emissora de comunicação, que é produzir as notícias de forma imparcial e visando apenas produzir informação? Será que tais postulados foram esquecidos em nome da ganância do poder?
Por seu turno, a igreja do Bispo Macedo, ao invés de reunir seus pastores e orientá-los a fazer uma cruzada interna para não denegrir o nome da instituição e não perder fiéis vem, também, ao nosso lar, através do seu canal televisivo, para tentar desvirtuar o trabalho de autoridades ligadas aos poderes constituídos, denegrindo a imagem de Promotores de Justiça etc. que trabalham no difícil ofício de inibir a atuação de possíveis seitas que se aproveitam da boa fé da sociedade. O Ministério Público está investido (constitucionalmente) do mister de zelar e cuidar dos interesses difusos (o interesse comum de pessoas não ligadas por vínculos jurídicos, ou seja, questões que interessam a todos, de forma indeterminada. Por exemplo, habitação e saúde, meio ambiente) da população brasileira, logo, sua ação para apurar fatos relativos à Igreja do Bispo Edir Macedo é uma incumbência legal, não podendo ser contestada, por conta de manipulações e revolvimento da vida pessoal de um homem que representa a lei (um Promotor de Justiça).
Devo alertar a esses setores da comunicação que o povo não é otário. Todo mundo sabe as razões primeiras dessas emissoras acionarem todo o seu corpo de jornalismo para saírem atrás do ‘rabo adversário’, procurando pisá-lo com as tamancas de madeira (bem pesado) para que a dor seja inevitável.
Para mim, particularmente, pouco interessa o que o Bispo Macedo está fazendo com seus fiéis. A pessoa tem liberdade para escolher o seu credo. Se cada um que frequenta a igreja desse líder acha que participar de "fogueiras santas" etc. é algo que lhe dá satisfação; que vá atrás da sua felicidade. Cada um compra o que lhe apraz, desde que não lhe traga prejuízo moral ou material. Não cabe a Globo opinar sobre as atividades desse grupo de religiosos, seja para criticá-los pela forma que conduzem sua religião, ou seja, pela forma em que estão tratando a fé das pessoas. Tais investigações e tais providências devem ser tomadas pelas autoridades competentes. É obrigação do Ministério Público Estadual e Federal zelar pela lei e pela Constituição do País. Caso qualquer uma dessas emissoras esteja usando a boa-fé do telespectador para incutir idéias subversivas que perfilam seus próprios interesses, cabem as autoridades cassar o direito de produzir comunicação, pois existem certos princípios legais que não devem ser esquecidos, que é a honradez e a autenticidade das informações que são repassadas à população.
O fato é que hoje o mercantilismo tomou conta da mídia. O fim último não é informar, mas sim ganhar, lucrar, enriquecer a custa dos ouvidos e dos olhos das pessoas do povo.
Por isso atrevo-me a dizer que não quero ser "bolinha" nesse jogo. Por isso a cada noticiário em que tais emissoras se prestam a trazer à baila tais pendências pessoais eu utilizo da minha liberdade de escolher o canal que não me conduza às "regras" desse jogo. Todos nós temos um poder que a época digital nos oferece. O controle remoto é uma das coisas mais importantes criadas nos últimos tempos, pois nos possibilita retirar a imagem da frente dos nossos olhos no exato momento em que ela acontece.
Como dizem no meu torrão natal: quero que os "Macedos" e os "Marinhos" vão "plantar batatas". Seus canais de televisão não produzem muita coisa no nosso universo cultural, a não ser produzir riquezas para atender seus próprios desejos de enriquecer ainda mais...
Minha "bolinha" quebrou e estou fora do jogo desses figurões Nacionais. Espero que os leitores desta crônica façam o mesmo, pois só assim mostraremos para esses 'jogadores' que eles não podem contar mais com os apetrechos dessa modalidade esportiva, pois podem ter as suas raquetes (empresa de mídia), mas não terão as bolinhas que representa a atenção do povo deste glorioso Brasil, que se recusa a ficar vendo e ouvindo tanto disparate. Cabe ao Ministério Público investigar e ir a fundo para apurar as irregularidades que campeiam essas duas emissoras de televisão. Nós (o povo) iremos acompanhar essa briga de camarote, mas não iremos (de jeito algum) ficar ouvindo asneiras no interior de nosso lar.