A validade permanente do apelo missionário
A missão cristã precisa ser compreendida como uma ação permanente da Santíssima Trindade em favor dos homens de todos os tempos. Cristo é o enviado do Pai para anunciar à humanidade a salvação realizada por Ele mediante o sacrifício cruento do Calvário. A Igreja por Ele estabelecida é a continuadora da sua missão, sob a luz da ação eficaz do Espírito Santo que não conhece limites e nem barreiras de tempo e espaço. A salvação consiste na renúncia ao pecado pela fé e a adesão sem reserva ao Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo.
“A Igreja existe para evangelizar”. Ela é a voz de Cristo no deserto da história. Sua atividade missionária atende ao imperativo d’Ele: “Ide, portanto, e fazei que todas as nações se tornem discípulos, batizando-as em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo e ensinando-as a observar tudo quanto vos ordenei. E eis que eu estou convosco todos os dias, até a consumação dos séculos”(Mt. 28, 19-20). Portanto, “Evangelizar é ter Jesus no coração e levar Jesus ao coração dos irmãos” (Madre Teresa de Calcutá)
O missionário ou evangelizador anuncia Cristo ressuscitado e não a si mesmo. Há em nossos dias uma tentação nos meios cristãos de certas pessoas, com disponibilidade de mídia e aparatos tecnológicos avantajados, anunciarem a si mesmas. Fico com “um pé atrás” quando vejo missionários e anunciadores que buscam a fama e não esconde o apego ao dinheiro e a mordomias. Não foi essa a prática missionária e evangelizadora do Senhor Jesus que, na simplicidade e total entrega, anunciou unicamente o Reino aos pobres e aos humildes.
A verdadeira missão brota dos corações configurados ao Cristo. O missionário que realiza sua missão com objetividade não busca fama e bens materiais, mas unicamente a salvação das almas. É edificante anunciar o Cristo pobre, obediente e casto e vivermos a pobreza, a obediência e pureza d’Ele. Basta folhear as páginas da história inicial da Igreja para depararmos com a radicalidade de homens e mulheres, jovens e adultos que deram seu sangue em favor da missão. Missão cristã é isso: dar a vida por Jesus. Enfim, é deixar-se conduzir pela dinâmica do discipulado: ouvir, falar, agir e caminhar com o Mestre Jesus.
“As palavras comovem, mas são os exemplos que arrebatam” (São Francisco de Assis). A missão cristã dará verdadeiros frutos de conversão e profunda adesão ao Evangelho se for feita por pessoas de convicção e que amam a Deus e a Igreja. Como pessoas batizadas, somos chamados ao empenho missionários do anúncio com entusiasmo e dedicação. Esta obra não comporta a preguiça e a moleza. A boa colheita na seara da missão depende de corações convertidos, abrasados pelo fogo do Espírito Santo e profundamente íntimos de Deus pela oração. Na base da eficácia missionária está a prática inconteste da oração. Jesus sempre orava antes de agir.
O Mês Missionário, sempre recordado pelo Santo Padre como tempo importante para nosso despertar para a ação, é uma oportunidade para intercedermos pela missão e pelos missionários em todos os cantos da terra. Por que não praticarmos o anúncio do Evangelho de casa em casa, nas escolas, nos ambientes culturais e sociais? Por que não usarmos a internet, nossos espaços de relacionamentos virtuais para evangelizar e levar a mensagem de Nosso Senhor a tantas pessoas sem Deus e carentes de horizontes e esperança?
“Jesus Cristo é o mesmo, ontem, hoje e sempre” (Hb 3,8). A mensagem dele, o Evangelho, não está separada dele. O apelo missionário de Jesus Cristo continua, pois perpassa as culturas e os povos, tempos e momentos, sem jamais perder sua eficácia. Sejamos discípulos e missionários desta Boa Nova que nos salva e aos povos leva paz e à concórdia. Maria, Mãe Missionária, que nos trouxe o autor da missão, rogai por nós!
Dom Adair José Guimarães
Bispo de Rubiataba/Mozarlândia