Apertem os cintos...
A voz delicada da aeromoça ordenava a prática acima descrita em tom sutil e despretensioso que talvez nem um abalo trouxesse aos passageiros da aeronave que, como um pássaro gigante, atravessava o espaço levando cada um ao seu destino em grande número e a uma rapidez de Primeiro Mundo.
A frase delicada da aeromoça, “Apertem os cintos”, me fez lembrar o que ocorre hoje com o comércio, relembrando ainda o ano de 1994, quando o então presidente Fernando Henrique Cardoso veio a público através de a TV dizer esta mesma frase, talvez sem sutileza e despretensão, embora com o toque de educação que lhe é peculiar e nós, o povo em geral, o comércio, a indústria, etc. não acreditávamos na turbulência que já estava na cabeça do presidente e, acostumados que éramos a planos de vôos mal sucedidos de governos anteriores, fomos voando rasteiros e soltos na sombra da globalização. O aviso sem credibilidade fez grandes empresas sem paradigmas modernos tornarem-se presas fáceis de grandes conglomerados estrangeiros que as abocanharam, pois se encontravam descapitalizadas. Isso em várias áreas do comércio, da indústria, do setor financeiro, etc., devido às turbulências propiciadas pelo Plano Real como uma tampa de panela de pressão para segurar a propalada inflação.
E em nossa Frutal não é diferente. A turbulência também está por aqui, como no Brasil inteiro. Talvez nós, todos os brasileiros, estejamos sofrendo o enxugamento imposto pela globalização, como integrantes do Terceiro Mundo, temos que correr além da capacidade de nossas pernas e pelas ordens do FMI que distribui as cartas. E confesso que chorei na despedida de uma secretária que trabalhou conosco ao longo de doze anos, pois tivemos que cedê-la a outra empresa. No meio destes desgovernos, persiste a necessidade. “Apertem bem mais os cintos, por favor!” e certamente pousaremos suavemente onde queremos chegar desde que tenhamos fé, determinação, perseverança e coragem superando com certeza os erros dos dois Fernandos, com aquiescência do povo e impulsionados pela TV Globo.
Onde o primeiro Fernando, abriu as porteiras da economia do país, embora confiscando a poupança suada dos compatriotas, mas fazendo fluir a economia e o segundo Fernando, encolhendo a economia com ressonante recessão, porém acabando com a inflação, mas imprimindo nas mentes comerciais o descalabrado pessimismo.
José Pedroso
03/10/99