Turismo se faz com investimentos na mídia e na infra-estrutura das cidades

IVAN LOPES*

A propaganda é alma do negócio. Isso é tão lógico e parece tão consensual, que a gente tem a impressão de que o assunto não carece de qualquer discussão. Estamos redondamente enganados. Há muitos empresários e gestores públicos que encaram os investimentos na mídia como um gasto desnecessário e sem retorno.

Há alguns anos cometi esse grave erro quando vi as praias de Natal e outras cidades do Rio Grande do Norte (RN) estampadas nas revistas de circulação nacional. Como poderia um governante gastar dinheiro público numa revista destas se considerarmos que a população daquele Estado padecia com a falta de alimentação, escassez de água e problemas na educação, saúde e infra-estrutura? Acontece que os leitores daquelas revistas eram pessoas de alto poder aquisitivo, ou seja, aqueles apelos tinham destinatários certos.

Os governantes do RN estavam corretos. Eu Estava redondamente enganado. O objetivo do governante que utilizava as páginas dos periódicos para mostrar as belezas naturais do Estado paradisíaco foi alcançado através dos anos. Hoje, o turismo é uma das atividades mais rentáveis para os potiguares, pois juntamente com ele vieram os grandes investidores nacionais e internacionais, sobretudo europeus com os seus euros. O resultado é que Natal e o interior do RN têm se desenvolvido sensivelmente, e graças a melhoria da situação econômica do Estado, foram feitos importantes investimentos nos setores de saneamento básico e o abastecimento de água, por exemplo, já não é um dos problemas mais graves daquele povo.

Hoje, todos querem morar em Natal. O Estado tem 400 quilômetros de praias paradisíacas, limpas e aconchegantes que, aliadas a hospitalidade dos potiguares, coloca o Rio Grande do Norte numa posição de destaque no turismo mundial. As pessoas se educaram para atender aos turistas e todos incorporaram o espírito hospitaleiro. Do taxista ao gari, todos têm o prazer de prestar informações e de tratar bem aos que visitam aquele Estado.

Esse breve retrospecto é apenas para tentar chamar a atenção das autoridades e da sociedade amapaense de que estamos perdendo uma grande chance de utilizarmos os potenciais turísticos existentes nesse Estado lindíssimo. Muito se fala das potencialidades, mas pouco se tem feito de concreto para explorá-las. O nosso Estado padece com a falta de estradas pavimentadas, eletricidade, saneamento básico, infra-estrutura, saúde e segurança pública.

Dentro da Amazônia legal o Amapá é o Estado mais preservado e tem belíssimos atrativos naturais que aliados a hospitalidade da sua gente pode se transformar num dos lugares mais requisitados pelos turistas do mundo inteiro. Certamente, a saída para o crescimento do Amapá não será a manutenção do discurso do desenvolvimento sustentável que mantém os amapaenses no isolamento. Os ambientalistas utópicos precisam entender que o homem faz parte do meio ambiente e que o acesso a tecnologia pode evitar muitas práticas ecologicamente incorretas.

Uma ponte pode não ser apenas uma construção que dá acesso de um lado ao outro de um rio, mas pode ser transformada num cartão-postal e num ponto turístico. Depende da visão de cada governante. Espero que aproveitem esse recorte da história para tomar consciência do papel importante os investimentos na infra-estrutura e na mídia. Reitero que muitos gestores têm mania de avaliarem que os pequenos investimentos nos meios de comunicação são despesas desnecessárias. É gente que pensa pequeno e quem pensa pequeno terá atitudes ainda mais minimalistas. Parabéns para aos potiguares que souberam em algum momento de sua história, escolher representantes que pensaram como gente grande!

*IVAN LOPES é professor, pedagogo, acadêmico de Letras e membro da Academia Laranjalense de Letras. (E-mail: f.lopes.vj@bol.com.br -

site: www.recantodasletras.com.br/autores/ivanlopes)