UMA TRAGÉDIA (QUASE)
                                 ANUNCIADA
Salvador,véspera do “Dia dos “pais”.
Uma jovem senhora ,levando sua filhinha de um ano e meio,dirige-se a um shopping de Salvador,o Iguatemi,situado numa das mais importantes  avenidas da cidade,disposta a comprar um presente.
É uma loja masculina,onde,aliás,eu estive para comprar o presente do meu marido;por sorte,na unidade do Shopping Barra.
A moça,médica pediatra,alegre,educada,competente,atenciosa,íntegra,segundo depoimentos dos que conviveram com ela,jamais poderia imaginar que o Mal a estava espreitando,na forma de um egresso da Penitenciária,com muitas condenações,que recebeu um indulto para passar o dia dos pais em casa,com a família.
O bandido, atravessou a passarela que liga a Rodoviária ao Iguatemi e ,tranquilamente,entrou no shopping.Para procurar um presente,almoçar,pegar um cineminha?
Não,o cara procurava uma vítima.
A médica,segundo um depoimento dele,iluminado pelos inúmeros holofotes de uma Imprensa ávida por notícias, e se sentindo um astro,tinha o tipo preferido dele.Então,ele a seguiu até o estacionamento e esperou o momento certo.
A moça,acomodou os pacotes no porta malas do carro e depois acomodou a filhinha na cadeirinha no banco traseiro,como qualquer uma de nós faria.
O sujeito aproximou-se dela e tiveram o que parecia uma conversa normal; o estacionamento estava lotado,carros entravam e saíam,mas,ninguém notou nenhuma anormalidade;nem os seguranças.
No momento propício ele atirou a moça dentro do carro, assumiu o volante e tomou  o rumo da estrada.Não sei como passou pelo posto de Simões Filho,temido por todos os motoristas,pois,invariavelmente,eles mandavam parar no acostamento e investigavam a documentação.
Perto de Santo Amaro, onde tinha parentes e morava a ex-mulher com os filhos dele,ele estuprou e matou a médica indefesa,atropelando-a várias vezes.
A filha ficou abandonada dentro do carro, por horas,até ser encontrada pela polícia e entregue ao pai.
Apenas a bolsa da vítima foi levada;jóias,presentes ,celulares,tudo foi deixado;os cartões de crédito da moça não foram usados.
Ao saber desses detalhes,achei que era crime de mando.
Baseada apenas nos jornais,estou contando o fato como chegou até mim.
O bandido era um estuprador contumaz, acusado deste e de crimes contra o pudor;como obteve um indulto para comemorar o dia dos pais e aproveitou para matar uma mãe de família,útil á sociedade!?
Então é assim?
Morrem os bons cidadãos e a bandidagem fica á solta,protegida por leis inconseqüentes que nunca são revistas,porque interessam aos sócios do crime:juízes ,criminalistas e policiais?
Não haveria uma psicóloga na cadeia que descobrisse atrás do bom comportamento do preso,um psicopata frio e cruel?
Essas perguntas não querem calar.
Será que os caridosos defensores dos direitos humanos(dos bandidos,uns coitadinhos!) vão ajudar a criar uma garotinha órfã,num dia que deveria ser muito feliz?
Digo que foi uma tragédia quase anunciada porque o que se esperava de um tipo desses solto pelo mundo?
 
 
 
 
 
 
 
Imagino o desespero desta mãe,desta esposa,os últimos trágicos minutos da sua existência.
Eu me incomodei.
Escrevo para que a sociedade também se incomode.
Penso como Hemingway:”A morte de uma pessoa me atinge porque sou parte do gênero humano;não me perguntem por quem os sinos dobram;eles dobram por ti.E por nós.E pela sociedade.
Como sei que este monstro vai ter uma boa vida na cadeia,comendo,dormindo e trepando á custa dos meus impostos;como sei que,de pronto,um caloroso advogado vai defendê-lo  alegando insanidade e um juiz preocupado apenas em ler os autos e aplicar a letra da lei vai amaciar a pena ,só me resta esperar a justiça das cadeias;parece que não gostam muito de estupradores por lá nem de ver crianças molestadas.
Enquanto durar esta hipocrisia social que não aprova a pena de morte para crimes hediondos, muitas pessoas assim serão imoladas no altar da Hipocrisia e do Falso Moralismo que,como dizia Juvenal prende os pombos e deixam soltos os corvos.
 
 
Miriam de Sales Oliveira
Enviado por Miriam de Sales Oliveira em 12/08/2009
Código do texto: T1749989
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