O Mal de Adamski (I)
“Embora a mania de ‘Os alienígenas estão entre nós’ já houvesse diminuído quando ele era garoto, ainda na década de 2020, a Agência Espacial era atormentada por lunáticos que afirmavam ter sido contatados – ou sequestrados – por visitantes de outros mundos. Seus delírios eram reforçados pela exploração sensacionalista dos meios de comunicação e, mais tarde, toda essa síndrome passara a ser cultuada na literatura médica como ‘Mal de Adamski’.”
- (“3001: A Odisséia Final” – Arthur C. Clarke, 1997)
George. Esse era o seu primeiro nome. Poucos lembram dele nestes dias de sondas interplanetárias e telescópios em órbita, que vasculham as profundezas do Universo. Todavia, o fato de que Clarke o tenha citado num parágrafo do desfecho de sua saga espacial, pode ter despertado alguma curiosidade entre os leitores. Quem seria esse “ilustre quem” chamado Adamski ? Fruto da imaginação prolífica do autor, expert em inventar personalidades históricas do futuro ? Não. George foi uma pessoa real, e pertence a um passado nebuloso o qual muitos estudiosos de OVNIs gostariam que nunca houvesse existido. Contudo, em sua defesa, se esta se fizesse necessária, Adamski sempre poderia afirmar que não estava sozinho em sua peculiar concepção cosmogônica, e que do outro lado da tênue linha que separa ciência e pseudociência, excêntricos também estavam entrincheirados.
Execrados pela ciência ortodoxa, Immanuel Velikovsky e Hans Hörbiger foram seus contemporâneos. O primeiro, um psiquiatra, publicou em 1950 o livro “Worlds in Collision” (“Mundos em Colisão”) onde atribui ao planeta Vênus uma origem (historicamente) recente, apenas 3500 anos atrás. O planeta seria originalmente um “cometa” expelido por Júpiter para dentro do sistema solar interior, e que, após uma série de manobras de bilhar cósmico, acabou por se fixar numa órbita estável. Antes, porém, teria dado sua contribuição à Bíblia, sendo responsável pela abertura do Mar Vermelho, na fuga do Egito capitaneada por Moisés, e na parada do movimento da Terra ao comando de Josué.
O segundo, perfeito exemplar da vertente delirante da ciência nazista, afirmava que a Lua e as estrelas eram, na verdade, grandes massas de gelo que poderiam se precipitar sobre a Terra e destruir a Humanidade (como já teria ocorrido no passado). Parece loucura, mas os cientistas encarregados dos projetos das bombas voadoras V1 e V2 tiveram de assegurar à cúpula do III Reich que seus mísseis não fariam o céu desabar sobre as louras cabeças arianas...
George Adamski também tinha idéias sobre outros planetas e o papel do Homem no Universo, mas, ao contrário dos excêntricos citados, não afirmava que fossem suas. E é justamente isso o que o torna tão original.
E imitado...
(continua)