Educação - Quantidade de alunos X Qualidade do ensino
Quantidade X Qualidade
Um desafio tão grande que não vejo uma solução possível, a ser dada de uma só vez, ou em um período curto de tempo.
Embora todas as leis indiquem que deve haver igualdade de direitos a todos, isso está muito longe de acontecer na vida real. Temos em nossa história, arraigada à educação, a idéia de que classes sociais precisam de educação diferenciada. Assim, vemos diferenças em aulas de escolas públicas e particulares dadas pelo mesmo professor e que são diferentes. A justificativa é que o aluno da escola pública é menos interessado, ou menos inteligente e que não precisa daquele conteúdo (escutei a resposta de um professor de matemática). Onde está a igualdade de direitos? Continuamos com os cursos profissionalizantes, para aqueles que pelo menos se alfabetizaram, para que garantam a vida e o dinheiro de cada dia, pois a Faculdade pública, as vagas para bolsistas de Programas do Governo (apesar de serem para alunos de escolas públicas) serão sempre para aqueles que sempre se saírem melhor (os que têm dificuldades de aprendizagem não precisam de chances?).
Leis bonitas, discursos bem feitos, crianças na escola. Todas as crianças na escola!
As crianças aumentam em número mas a quantidade de escolas continua a mesma. Conclusão: escolas superlotadas, salas onde o professor mal consegue locomover-se, falar, quem dirá ensinar. Crianças que vêm de famílias desestruturadas, com gravíssimos problemas emocionais, que precisam de atenção: mas como atender a todos? Professores cansados, desiludidos, que sentem-se incapazes diante da situação. E as cobranças surgem de todos os lados: família, direção, coordenação. Festas, murais, formulários, relatórios, projetos, burocracia... ou BURROCRACIA, e blá-blá-blá...
Aí, em meio a todo esse contexto de dificuldades, direitos, deveres chega a inclusão. A escola sequer está estruturada para crianças ditas “normais” (se é que existe alguém normal), quem dirá para aquelas que precisam de um cuidado especial, de atenção, de ajuda e de ser inserida no social da realidade escolar. Essa criança acabará sendo mais uma excluída, frente à quantidade de problemas de aprendizagem que vemos em sala de aula e que não temos quem nos socorra. Concordo com a inclusão! Mas é preciso que haja infra-estrutura física e profissional de apoio ao professor e aos alunos, para que ele tenha realmente preservado seus direitos.
Apesar de muitos esforços terem sido feitos no sentido de formar (e reformar-consertar) os professores antigos e seus laicos conceitos de educação, ensino e aprendizagem, poucos foram aqueles que realmente quebraram paradigmas e se propuseram a modificar conceitos, atitudes e posturas em suas vidas docentes. As crianças de hoje vivem em um mundo de sons, imagens onde a informação vem mais rapidamente do que possa supor a vã filosofia de um pobre professor que ainda vive de saudades do século passado. É preciso que esse professor acorde, aprenda informática, ensine informática, utilize as TICs em sua vida e em suas aulas, para que consiga seguir o pensamento de seus alunos e consiga assim produzir meios de prender-lhes a atenção por mais tempo, embora ainda só possua o velho quadro e o giz como fiéis companheiros.
A direção precisa passar à gestão, e acolher a comunidade, sua realidade e suas idéias para o contexto escolar, para que a escola passe a fazer parte da vida das pessoas, e estas a vejam como aliada e necessária, não como um lugar em que as pessoas simplesmente estão. Acredito que, o professor que encontra parceria nos pais, faz o seu trabalho transcender a sala de aula, passando a ser um trabalho social, comunitário, e consegue aí o apoio necessário para fazer de sua prática uma real transformadora de realidades. A partir dos pais, é possível conhecer realidades, e trazer a vida dos alunos para as aulas, assim como levar a necessidade da escola para a vida das famílias, mostrando que a educação é a única forma de melhorar a vida, de transformar sonhos em realidades, de ser construtor crítico da sociedade em que se vive.
Assim, para chegarmos à QUANTIDADE X QUALIDADE precisamos de leis, porém estas não bastam.
Precisam ser construídas mais escolas, diminuindo a quantidade de alunos por sala;
Apoio real e efetivo da direção e coordenação no sentido de resolver os problemas que aparecem no dia a dia;
Participação da comunidade no ambiente escolar, analisando, discutindo, debatendo e colaborando para seu funcionamento;
Profissionais de áreas específicas (Psicólogo, Fonoaudiólogo, Psiquiatra, Neurologista, Psicopedagogo, entre outros) para identificar problemas, tratá-los e dar apoio ao professor, mostrando caminhos para que se efetive o direito de todos à educação;
Biblioteca, material de tecnologia (DVD, projetor, TV, computadores) disponíveis;
Professores críticos, conscientes de seus direitos (salário, qualificação e condições dignas de trabalho) e deveres (educação de qualidade para todos).
Como podemos perceber, atitudes e necessidades que não poderão ser supridas automaticamente e que, como fazem parte de um sistema “político” talvez levem muito tempo ainda para acontecerem, visto que os únicos prejudicados são as crianças e os professores e isso não afeta diretamente aqueles que detém o poder. Enquanto isso, o professor (aquele que fez da profissão um sacerdócio), caminha, a passos lentos, plantando de vagar pequenas sementes por onde passa, deixando de viver a própria vida para tentar fazer de seus pequenos alunos os grandes seres humanos do amanhã. E se consegue fazer germinar algumas dessas sementes percebe que seu amor e sua luta não foram em vão, e que se todos os professores plantassem suas sementes por onde passam, muitas coisas seriam diferentes ontem, hoje e amanhã.
Citação: Augusto Cury: Filhos brilhantes, alunos fascinantes:
“Os professores não são valorizados socialmente como merecem, não estão nos noticiários da TV, vivem no anonimato da sala de aula, mas são os únicos que têm o poder de causar uma revolução social.. Com Uma das mãos eles escrevem na lousa, com a outra, movem o mundo, pois trabalham com a maior riqueza da sociedade: a juventude. Cada aluno é um diamante que, bem lapidado, brilhará para sempre.”
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