Paradoxos da vida moderna
Paradoxos da vida moderna
IVAN LOPES*
O nosso planeta evoluiu graças à ação humana, mas o homo sapiens continua cometendo assassinatos por motivos banais como o preconceito contra grupos étnicos e opção sexual, entretanto, nada se compara com a intolerância religiosa espalhada pelo mundo, principalmente nos países subdesenvolvidos. Historicamente, as pessoas mataram mais em nome de Deus do que por qualquer outra motivação sem fins econômicos. Prova disso é o mar de sangue ocorrido na Nigéria nestes últimos dias. A violência naquele país africano começou com a prisão de seguidores da Boko Haram no Estado de Bauchi, sob suspeita de planejarem um ataque a uma delegacia.
A expressão "Boko Haram" significa "a educação ocidental é pecaminosa", no idioma hausá. Seus membros acreditam que suas esposas nunca devem ser vistas por outros homens, e que seus filhos só devem receber educação religiosa. Essas posições radicais do Boko Haram não têm respaldo junto a maior parte da população islâmica da Nigéria, que é o país mais populoso da África. Quase metade daquele país é formado por cristãos e a outra parte é formada por mulçumanos. A onda de violência já causou mais de 700 mortes e estima-se que o número ultrapasse mais de mil assassinatos.
É controverso o fato de que ainda nos dias atuais tenhamos que conviver com cenas horríveis onde se queimam pessoas vivas em nome do pragmatismo religioso. Segundo os ensinamentos de Deus, o maior de todos os mandamentos é amar o próximo como a ele próprio. A essa altura coloco em dúvida os benefícios da religiosidade humana. Será que não teríamos um mundo menos intolerante e sanguinário se os humanos não se dividissem em credos?
Paradoxalmente, nos Estados Unidos, no Estado de Utah, um garoto de sete anos fugiu de sua casa no carro do pai simplesmente para não ir à igreja. A incrível perseguição ao pequeno condutor foi filmada pela câmera do carro da polícia, que teve início quando dois policiais foram avisados de que um motorista havia avançado um sinal. Após a perseguição, a 65 km por hora e com várias curvas, o carro parou próximo a uma casa e, para o espanto dos policiais, a porta do motorista se abriu e um menino saiu correndo.
Segundo a imprensa local, a criança teria alegado que preferiu fugir no carro do pai a ir ao templo, pois naquele dia ele não estava disposto a assistir a missa. Muitas crianças inventam outros artifícios para fugir da igreja. O mais comum é criar doenças para se isentarem da cobrança de se fazerem presentes em alguns lugares pouco atrativos como as igrejas e escolas. Essas artimanhas também são bastante usuais entre os mais crescidinhos aqui no Brasil, e quanto ao aspecto religioso devo confessar que fui uma criança bastante doentia!
*IVAN LOPES é professor, pedagogo, acadêmico de Letras e membro da Academia Laranjalense de Letras. (E-mail: f.lopes.vj@bol.com.br -
site: www.recantodasletras.com.br/autores/ivanlopes)