Priprioca - Aprendendo com a natureza
Priprioca
A priprioca ou piripirioca (Cyperus articulatus L.), é uma espécie ciperácea, aromática e medicinal, que ocorre natural na Amazônia. Da mesma família do junco e do papiro, suas raízes exalam uma fragrância incomum, leve, amadeirado e picante. É um dos perfumes mais tradicionais da região amazônica e, atualmente, seu óleo essencial é bastante valorizado na indústria farmacêutica e cosmética.
Piripirioka Iypyrungaua, a origem da priprioca
Segundo lenda colhida em língua tupi por Brandão de Amorim e citada por Luís da Câmara Cascudo (Dicionário do folclore brasileiro), os índios manaus possuem uma explicação para a sua origem.
Piripiri era um ente misterioso, cujo corpo exalava um perfume misterioso e inebriante que atraía as donzelas da aldeia. Vivia perseguido por elas que sempre tentavam aprisioná-lo. Quando se via preso, transformava-se em uma nuvem de fumaça e escapava.
Um dia, as mulheres perguntaram ao jovem pajé Supi o que fazer. Ele aconselhou-as a utilizar fios de cabelo para amarrar os pés de Piripiri. Assim elas fizeram naquela mesma noite, enquanto o jovem estava adormecido. Depois de prendê-lo, adormeceram ao seu lado.
Piripiri novamente transformou-se em fumaça e fugiu, desta vez para sempre. No lugar onde estava o seu corpo, as mulheres encontraram uma raiz perfumada.
O pajé Supi ensinou-as a usar aquele cheiro que entontecia o coração dos homens. E contou-lhes que Piripiri tinha subido aos céus e se transformado na constelação de Arapari, as Três Marias da constelação de Órion. A planta ganhou o seu nome. É a sua casa. Piripiri-oca, priprioca, “a casa de Piripiri”.
Referência: Luís da Câmara Cascudo. Dicionário do folclore brasileiro. Rio de Janeiro, Instituto Nacional do Livro, 1954.
Fonte: pt.fantasia.wikia.com
Comentário:
Mais uma vez a raiz que não aparece e nem é bela é a principal figura nessa “história”. Prestemos atenção na fragância, essência, perfume ou no cheiro, sentimos e não tocamos, muitas vezes até fechamos os olhos quando nosso olfato nos presenteia com um aroma agradável não é mesmo? Mais uma vez aprendemos com a natureza a importância do “sentir”, do ver com o coração, do amar sem precisar possuir, tocar.
Difícil? Sim. Por isso estamos aqui, nessa “escola” onde a natureza nos dá lições todos os dias sem precisar articular uma palavra sequer.