O outro lado de Tomé!
O outro lado de Tomé
Quando somos questionados por alguém ou por alguma coisa, que não sabemos a resposta de imediato ou não queremos acreditar no que esta acontecendo conosco, percebemos que precisamos de adesão. Necessitamos ter atitude e, muitas vezes, nós não cremos, ou, a incerteza, o medo, a insegurança e a falta de prova, nos leva à acreditar que não cremos...
E isto nos faz pensar que nunca poderemos afirmar que somos amadurecidos na fé, embora o nosso lado espiritual, nos impulsiona ao ardor de Deus.Quanto mais pensamos em ter fé, mas fé nós teremos, ou queremos acreditar em ter...quanto mais avançamos na vida espiritual, maior será o nosso desejo a este amor de Deus...
Há momentos em que as dúvidas parecem nos direcionar a um sentido oposto, porém questionar-se não é sinônimo de não crer no ser superior e não exercer a fé, mas apenas um desejo de concretizar integralmente a certeza do amor criador...
Se não questionarmos, corremos o risco de vivenciarmos um amor egoísta, infantil, ingênuo e simultaneamente soberbo e sado-mazoquista, isto implicaria na mortalidade da alma!
Se olharmos Tomé, um dos apóstolos, que não estava presente no momento em que Jesus apareceu aos discípulos, com os mesmos olhos daqueles que conviveram com eles e de muitos que não o conheceram, mas julgaram sua atitude e suas palavras de uma forma negativa, estaremos nos condicionando a não crer, nos ensinamentos do próprio Cristo, que com suas parábolas, levava e leva a todos terem a mesma atitude e coragem de Tomé, ou seja, Jesus quer que questionemos, assim buscamos as possíveis respostas e de fato possamos aprender com as dúvidas e as incertezas e, ai sairemos da redoma que nos colocamos, que a fé em cristo, vai além do egoísmo e da incessante busca, eu quero ser feliz, ser amado,ter posses , e pior ainda, pensar num Deus só meu. E a atitude de Tome, é até hoje mal interpretada, as pessoas o julgam como alguém que não crê, simplesmente porque questionou, buscou concretizar o seu amor de uma forma adulta, quis tocar no Senhor ressuscitado, pois não poderia acreditar pelos outros, sua fé não foi fraca, mas sim verdadeira ,humanamente isto seria impossível aos nossos olhos, talvez todos os outros que se encontravam ali naquele momento, quisessem fazer o mesmo, mas a estes sim, a adesão possa ter sido fraca e o medo vencido a dúvida. Tomé, não pode ser considerado um representante da falta de fé, como na maioria das vezes nos referimos a ele” eu sou como Tomé, preciso ver e tocar para crer”.
Muitas vezes somos levados ao processo inicial de nossa fé, por influência de alguém, por testemunho de algum amigo, ou é mais forte ainda, quando se é alguém da família, ou crescemos com esta herança familiar, a devoção daqueles mais próximos a nós, os pais ou os avôs. Todavia, chega um determinado momento, que o testemunho do outro é insuficiente para satisfazer nossas inquietudes. Aqui, é que entra a importância da atitude de Tomé, é preciso que saibamos caminhar com as próprias pernas e ter a nossa própria experiência.
Não podemos impor ao outro, que acreditem na mesma intensidade que a nossa, ou que tenham a mesma dúvida, porque jamais poderemos crer por alguém. Como os demais discípulos exigiram do apostolo, mesmo traçando nossa ideologia, a fé é individual e intransferível. Podemos incentivar testemunhar, mas obrigar alguém a crer como nós, isto seria fazer o mesmo que os discípulos tentaram com Tomé.
Crer é algo pessoal, não se alcança a fé por intercessão de outrem, é preciso encontrar o senhor, na sua essência, pois ela é o espelho de sua alma.
A expressão de Tomé, ao proclamar “Meu Senhor e meu Deus”(Jo, 20,28), nos remete pensar que é preciso ouvir e sentir pessoalmente o Senhor , encontrá-lo não só na nossa espiritualidade, mas na própria carne,pois teria sido em vão o verbo carnal e a ressurreição do próprio Cristo Jesus, se assim não o buscarmos...
Em(jo 20,27), Cristo nos ensina claramente a atitude de Tomé, dizendo:
Introduz aqui (em minha chaga) o teu dedo. Poe tua Mao no meu lado. Não sejas incrédulo, mas homem de fé. Pois conhecia o coração e as inquietações de Tomé e, à adesão de sua fé.
Quando apareceu aos discípulos, no dia em que Tomé não se encontrava, Jesus os saúda dizendo: “a paz esteja convosco (Jô 20,19), dito isso, mostrou lhes as mãos e o lado. (Jô 20,20). Poderíamos pensar que ele estava esperando esta atitude por parte dos discípulos, que não fizeram, mas será que, se Jesus não tivesse mostrado desde o primeiro momento de sua aparição, qual seria de fato à atitude deles? Talvez quando responde a Tomé, Crestes porque me vistes. Felizes aqueles que crêem sem ter visto!”(J,20,29), teria nos dado a”liberdade”de pensar no mundo sem compromisso com o reino dos céus, se não temos nada a questionar, nada a temer, nada a duvidar,nada a buscar e muito menos compreender...a felicidade neste caso, seria inquestionável...
Mas ao indagar, Crestes porque me vistes, isto requer uma demonstração de afeto, de partilha, de solidariedade e comprovação humana, para uma possível compreensão de tudo que Cristo vivenciou enquanto homem. E que foi por uma atitude mal interpretada ,por parte dos governantes que queriam continuar no poder, que o “rei dos judeus” foi levado ao tribunal e cumpriu sua sentença de morte.
E que ele mesmo questionou o por quê? E assim como Tomé, precisou sentir a própria presença de Deus, ao aclamar o socorro, pois não era só divino, havia se feito carne e habitado entre nós...
E para aqueles que crêem, podemos dizer: estou nas mãos de quem me ama...