O DESEMBARQUE DE MONALISA
por Tânia Du Bois
O Desembarque de Monalisa, escrito por João Montanha, é um poema para ser conhecido e se reconhecer nas manifestações artísticas.
Segundo Oswald de Andrade, “A poesia existe nos fatos... fatos artísticos”. A palavra poética de Montanha é a retratação de temas significados e a visão do universo, em tudo que tenha em si a concretude do que existe. O que vemos em seu poema O Desembarque da Monalisa; há nele ritmo poético/estético, dirigido à musa:
“Monalisa / fala só / num existir / como se só rosto /
por sobre o tempo...”
Montanha dá importância a uma espécie de pensamento: recuperar o caminho para encontrar a criação dos símbolos de um tempo:
“A sentir na pele / que a escrevo / peles tão finas /
aos meus dedos / de percorrê-la... / seu nu inteiro...”
O poeta sacode a mesmice do momento, atingindo uma etapa da palavra, de que pintar também é escrever, o que revela na exatidão da arte calcada em linha poética.
Letícia Raimundi Ferreira lembra que “Na poesia, pois, a ênfase na presença da linguagem se faz através das figuras e estas, em função estética, marcam a presença irreal das coisas...”. Como encontramos no poema:
“... e eu aqui / as pequenas / pobres palavras /
ao desequilíbrio / deste pensar navego /
sob ela / a me fitar... / tresloucado penso /
- só se... / a bela / súbito desenquadrasse-se...”
Montanha demonstra que a arte pode ser descrita e completada na poesia, mostrando-se como desafio, numa parceria fundamental para a cultura.