Esperança.

Esperança.

“Se temos de esperar,

que seja para colher a semente boa

que lançamos hoje no solo da vida.

Se for para semear,

então que seja para produzir

milhões de sorrisos,

de solidariedade e amizade”.

Cora Coralina

Hoje estou pensando em um assunto que a muito me fascina: as sementes. Tenho mania de tudo que como ou chupo guardar as sementes sempre com a idéia de plantá-las, vê-las nascerem, ou mesmo suas formas, seus tamanhos. Nem sempre as sementes correspondem ao tamanho da sua espécie. A semente de mostarda é muito pequena e sua árvore fica grande, capaz de aninhar as aves do céu, como está escrito na parábola ensinada por Jesus.

As sementes dos ipês são delicadas, minúsculas, envoltas por uma película protegendo-a, é quase impossível acreditar que ela é capaz de nascer, pela sua fragilidade, mas essas magníficas sementes, na sua época são lançadas e levadas a milhões de quilômetros pelos ventos dos quatro cantos da terra e ficam escondidas até o dia da sua germinação. Para os que conhecem a região do Oriente médio, ou já leram sobre os desertos que La existem sabem: O Deserto do Neguebe, localizado no extremo sul da palestina, um lugar muito seco, um dos mais baixos da região; cercado por cordilheiras, tem uma densa extensão de terras, a principio improdutiva, até que as torrentes de água produzida pela chuva serôdia que cai abundantemente na região, por um longo período de tempo, invadem o deserto trazendo grande inundação e transformando a terra árida em um rio que brota vida. Quando as águas evaporam, o deserto se transforma em um manancial com as mais belas flores e um verde onde somente se contempla no Neguebe. Durante seis meses aquele lugar é sem vida, seco, sem esperança. Quem passa ali, jamais ousaria morar ou ficar um longo período de tempo, ninguém suportaria viver, estar naquele lugar. As pessoas passam pelo deserto, mas ninguém quer estar em um. Às vezes na vida nos deparamos em desertos, estações e períodos de sequidão, onde a vida parece que se vai escorrendo entre os dedos, a esperança findou-se e tudo é sem cor, sem cheiro, sem sabor, é um nada. O deserto é assim, os desertos da vida são assim...

Eis que chega a temporada de chuvas no Neguebe. Como aquela faixa desértica é rodeada por grandes montanhas, elas se transformam em cachoeiras, onde as águas caem no deserto como torrentes, limpando tudo, ou melhor, arrancando tudo o que encontra pela frente, e aquela terra árida, sem forma e vazia se transforma em um rio caudaloso. Dizem os estudiosos que antes desse período de chuva, todas as noites bilhões de todos os tipos de sementes são trazidas pelos ventos dos quatro cantos da terra, e vão ficando alojadas nas encostas, envoltas nas áreas áridas do Deserto do Neguebe, dia após dia essa cena se repete. Por seis meses esse é o cenário. Quando chegam as chuvas o Neguebe se transforma em uma das mais lindas cenas para os olhos humanamente falando: O Neguebe floresce, brotam-se flores de várias espécies, que estavam encubadas, pelas areias, sendo seguradas pelas pedras, pedriscos da região. Lembrei-me de um texto do Livro sagrado que diz: "Se o grão de trigo que cai na terra não morre, ele fica só. Mas, se morre, produz muito fruto." - (Jo 12,24) Ou seja: A semente ficou guardadinha, a areia fez o papel do caixão, que foi sepultado, quando as chuvas vierem e baterem no caixão, que atingirem aquelas sementinhas adormecidas, começa uma das cenas mais belas já produzidas e vista, e imagináveis pela mente humana, elas começam o processo da ressurreição, começam a vir à vida, emocionado lembro da oração de São Francisco que Diz: “É morrendo que se vive para a vida eterna”.

Aquelas sementinhas na encosta do Neguebe, precisou passar por esse período, de sepultamento e ressurreição,e não duvide, acredite em você, acredite que dias de chuvas estão chegando à sua vida, e logo seu estado de morte se transformará em vida, em flores; aguarde e verá.

Dr. J.F.Alvarez

jafjaf
Enviado por jafjaf em 03/08/2009
Reeditado em 20/08/2009
Código do texto: T1735027