INFERNO - Geenna - As Portas -Texto I

PALAVRAS DE VIDA

Pr. Serafim Isidoro.

AS PORTAS DO INFERNO - Texto I

"As Portas - " p y l a i " - do Inferno - "Hadês" - não prevalecerão contra ela (Igreja) - Mt. 16.18.

Quem labora no estudo das Sagradas Escrituras, trabalha com palavras, uma a uma, buscando entender-lhes o correto significado. O Mestre dissera que nem um jota ou um til passaria da lei, sem que tudo fosse cumprido. Então, a importância da verdade que Deus dignou-se revelar em palavras, em letras, e no caso da Nova Aliança - Novo Testamento - através do grego koinê.

"Pylai", no texto do evangelista Mateus, é um substantivo, genitivo, feminino. plural de "pylê", palavra usada em mais de uma dezena de vezes neste livro da Igreja, que é o Novo Testamento. A linguagem figurada é um tropo, uma metáfora também muito usada nos escritos que foram destinados à referida Igreja. É o caso desta "porta" que, explicitamente se refere ao domínio, à retenção, a guarda sob pressão, de específico lugar, no caso, a região que abrigava os mortos justos.

A palavra pylê, "portas", é muito usada no texto da Nova Aliança, sendo, às vezes, em sentido literal e às vezes em sentido figurado. A referência às portas do Hadês, nesta passagem em apreço, indica a impossibilidade de retenção - repetimos - daqueles que em alma e espírito (teoria tricotômica - I Ts. 5.23) foram depositados - retidos - em tal local espiritual. As portas ali não poderiam impedir a Igreja, os justos ali aprisionados - se quisermos entender como sendo aqueles referidos em Zc. 9.11: "Tirei os teus presos da cova em que não havia água".

No mundo espiritual seria processada uma mudança, na qual o Redentor removeria dali os justos retidos desde a queda de Adão, fazendo com que alguns deles fossem vistos, ressurretos por algum tempo, em Jerusalém - Mt. 27.52-53. Eram as primícias de uma nova época do mundo espiritual, já predita em figura em Lv. 23.10-12. Removido o "Seio de Abrão", o Sheol, o Paraíso atual se encontra debaixo do altar de Deus - Ap. 6.9.

Duas palavras gregas são utilizadas para definir portas: "Pylê" e "Thyra". O emprego delas com o sentido de retenção são, por exemplo, respectivamente: a) Lc. 11.7 - 13.25 - Jo. 20.19 - 20.26 - At. 5.19, etc. - b) Mt. 16.18 - 25.10-11 - At. 5.19, etc.

A expressão "portas do inferno" é mal entendida em razão da tradução imprópria feita na maioria das versões da Bíblia em português. Certa tradução diz no roda-pé deste texto de Mt. 16.18: "As portas do inferno representam Satanás e a totalidade do mal no mundo, lutando para destruir a Igreja". Entretanto, digo, as portas citadas ali, não são do inferno, mas sim do Hadês, palavra grega que não se refere ao mesmo lugar. Inferno, no texto koinê é a palavra GEENNA, (e não Hadês) utilizada doze vezes no texto da Nova Aliança, indicando simbolicamente: lugar de tormento do ser humano perdido, sem salvação. Algumas poucas versões levam, erradamente, no roda-pé, em pequenas letras, a opção: Inferno / Hades.

Destaque-se, porém, com grande ênfase, que somente Jesus usou esta expressão figurativa que era assim entendida pelos judeus de Sua época, como sendo o Vale do Filho de Hinon, local onde se queimavam cadáveres de indigentes e o lixo de Jerusalém. A remoção dos referidos justos não foi do inferno, onde os maus permanecerão até ao juízo final, mas sim a retirada deles do Hadês, "Seio de Abrão", para o "Paraíso" atualmente nos lugares celestiais: "E subindo ao alto, levou cativo o cativeiro" - Ef. 4.8 - Sl. 68.18.

Só Jesus.

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O Pr. Serafim Isidoro, Th. D., D.D. Honoris Teologia, oferece seus livros, apostilas e aulas do grego koinê: serafimprdr@ig.com.br