Um golpe democrático

Foi julgada outro dia aí atrás, uma Ação Judicial em nível de Tribunal Superior Eleitoral, pedindo a cassação dos diplomas de governador e vice-governador do estado do Tocantins por fraudes na Eleição de 2006.

Pelas provas juntadas aos autos os ministros do TSE julgaram procedentes as acusações e foram condenados a perderem os cargos o governador Marcelo Miranda e o seu vice Paulo Sidney. Estes recorreram a estâncias maiores.

Até aí tudo dentro da normalidade, e certamente dentro dos conformes do estado de direito democrático. Aqui começa o nó. No final da sentença o TSE indicou que o certame a ser realizado para o preenchimento das vacâncias seria indireto. Ou seja, os novos mandatários seriam escolhidos longe do povo e dentro dos gabinetes. Como os senadores e governadores biônicos de outrora.

O imbróglio estava feito. Pois a última eleição realizada para estes dois cargos de maneira sórdida, que é a indireta, teria ocorrido em 1978. Nos idos do período militar.

Não se concebe em pleno século 21 onde as votações e apurações são como num piscar de olhos pelo voto eletrônico, querer que o povo aceite passivamente este tipo de desfeita. E que os deputados estaduais deliberem pelo povo. Simplesmente pelo fato dos deputados não terem sido eleitos com a procuração do povo para este procedimento.

E ainda que tivesse com tal poder emanado pelo povo deveria se eximir de tal ofício. Se forem realmente democratas se absterão de tal mister. Além do que democrata que se preza agüenta o julgamento popular, e não se esconde numa muqueca de 24 pessoas. Como cidadãos/deputados que se dizem liberais e defensores dos direitos da comunidade se amparam numa conjuntura espúria dessas? Aceitar ser eleito indiretamente, e temer o crivo dos eleitores?

Esse que consentir tal aberração está demonstrando ser um grande embusteiro. E que tem medo do poder das urnas. E vou adiante, não merece ter o menor apreço nem respeito pela comunidade.

Que a lei obrigue e permita a votação indireta. Mas os 24 deputados sabem que esse direito é ilegítimo no Brasil. O povo é quem deve escolher. Precisam demonstrar humildade, e que assim fazendo, estarão expondo que o poder deve emanar das hostes sociais. E passar, sem pestanejar, o bastão para os tocantinenses decidirem quem deve ou não administrar o nosso Estado.

A sociedade tocantinense espera uma decisão da Assembléia Legislativa. Que esta não venha decepcioná-la. O povo não deve ser, mais uma vez afrontado.

Arimatéia Macêdo – www.arimateia.com