DIA DO ESCRITOR

DIA DO ESCRITOR

Ser escritor no nosso país, não é uma atividade profissionalizante e sim quase um “sacerdócio”- em razão dos muitos sacrifícios que exige, e os comparo a nossos amados professores – um dos mais belos objetivos... o de “ENSINAR” e a triste realidade de ter de fazê-lo remunerado por salários tão aviltantes. Esse é, um pouco mais, ou um pouco menos, o quadro “TRAGICÔMICO” também dos nossos escritores.

Se fossemos viver amparados pelos resultados do que criamos, estaríamos perdidos. E isso com raríssimas exceções. Essa a situação dantesca de um país subdesenvolvido, onde nossos governantes além de insistir, de forma demagógica, ter erradicado o analfabetismo, desprezam aqueles, que de uma forma ou d’outra, tratam a Literatura com intimidade e carinho e recebem excrementos como forma de contra-partida.

Mas, para não perder o “foco” – voltando aos Escritores – eles se dividem, basicamente, em dois grupos: Os prosadores e os poetas. No primeiro grupo, os romancistas, os cronistas e todos aqueles que, em prosa, transferem para o papel suas fantasias e realidades. E felizes daqueles que têm na mídia internacional e no poder econômico os parceiros certos para transformar suas obras em sucesso, verdadeiros “Best Seller” impulsionados principalmente por assuntos particularmente polêmicos como no caso de “O CÓDIGO DA VINCI” e mais recentemente “PONTO DE IMPACTO” ambos de Dan Brown, ou noutra linha de argumentação, em “CREPUSCULO” e “LUA NOVA” de Stephenie Meyer, que trata vampiros com tanta intimidade que dá-nos a certeza de ser um deles. É isso mesmo: A polêmica e os absurdos da imaginação na forma da fantasia bem elaborada se misturam com a realidade e adquirem aspectos de contestação e de intensa discussão, levando esses temas às mesas dos críticos e estudiosos e entram em ebulição. E o resultado é o que aí vemos: milhões de livros extremamente volumosos vendidos... e lidos às vezes pela metade, pelo emaranhado de articulações desconexas neles contidos. Essas obras de apelos épicos e surrealistas, que nada tem com nossos costumes regionais, transpõem fronteiras impulsionadas pela dependência do modismo internacional a que nós brasileiros nos submetemos, enquanto obras de grandes escritores regionais e nacionais, sem a força da representatividade econômica e da mídia, jazem nas prateleiras das livrarias, empoeiradas, inertes.

Já isso não ocorre, felizmente, no caso da poesia. Pelo menos, são raríssimos os livros de poesias de autores internacionais que se apresentam com um volume expressivo de vendas. E aí ecoam mais fortes as vozes de nossos poetas, embaladas pela qualidade de nossa criativa inspiração, romântica, assanhada e desinibida.

O poeta, diferente do prosador, é movido pela inspiração e emoção, pela fantasia lírica, pela alegria e sofrimento, no sentimento de amor e ódio... em doses cavalares e na paixão desenfreada, arreganhada do sangue quente de nossa origem latina.

Ser escritor é realmente um sacerdócio. Na condução “cabocla” da elaboração do que chamamos um “romance”, pelo alto custo da editoração e do desenvolvimento artístico do enredo, não se permite a contratação de especialistas a não ser para as revisões literárias. E não é por desconhecimento de regras gramaticais ou falta de intimidade com as construções literárias e sim pela necessidade de se ter, por força de melhor comunicação com os leitores, críticos para aproveitamento de expressões idiomáticas regionais. E a obra em construção, é lida e relida a cada capítulo escrito, além de inúmeras e extenuantes revisões para evitar vícios de linguagem e erros de digitação, comuns à sua elaboração.

Mas para a grande maioria dos escritores e poetas da terra, seja no Amazonas ou em qualquer outro estado do país, não existem incentivos à criação literária. Em Manaus, mais de duzentos e cinqüenta escritores associados da ASSEAM – Associação dos Escritores do Estado do Amazonas – continuam em sombrio anonimato, sem qualquer incentivo para publicar suas obras, muitas das quais de excelente nível literário. Onerosa e extremamente complexa, além das dificuldades para editoração, publicação e lançamento de um livro, na comercialização o escritor ainda padece pela exigência da venda consignada e nem sempre ressarcida pelas livrarias, ao escritor.

Um voto de louvor e reverência neste DIA DO ESCRITOR ao poeta caboclo Kaio Costa Auzier, que para participar do evento “FliFloresta” - realizado pela Editora e Livraria VALER em Itacoatiara, na semana passada - e lançar seu livro de poesias “Escravo do Amor”, remou sua canoa por horas para poder apresentar sua obra. E, ao lado do famoso poeta de renome nacional “Carpinejar” que contagiou o imenso público presente na “Orla de Itacoatiara” onde se realizou o evento, com sua irreverência planejada, com chulos apelos em meio a uma multidão inebriada por sua fanfarra, ali estava Auzier, triste, a espera de quem o notasse e comprasse seu livro. Livro onde sua inspiração cabocla grita seu inconformismo, na forma de sua poesia em um lindo verso de seu poema “PASSARINHO” que diz: ... POUSARIA NO BRAÇO DO AMOR QUE PERDIA, ENTAO MAIS ALTO QUE TODOS OS PASSAROS CANTARIA!

Urias Sérgio
Enviado por Urias Sérgio em 24/07/2009
Código do texto: T1717566