A estética de Dostoievski em seu romance “Notas do Subterrâneo”

A literatura é para mim uma disciplina casada com a filosofia, e a obra de Fiodor Mikhailovitch Dostoievski, é com certeza um prato cheio para discussões. Como o personagem central pode vivenciar tamanha confusão existencial?

O personagem central da trama oscila entre condições de grandeza e miséria, aceitação e isolamento, lucidez e delírio, ódio e amor, valentia e covardia, um profundo e instigante desafio existencial.

Uma instabilidade tocante que sem dúvida é inerente a todos nós quando buscamos a felicidade e o amor. Um ambiente perverso onde achamos todos patéticos e em que a convivência é insuportável, mas que ao mesmo tempo precisamos desta convivência para viver.

Assim como o filosofo Jean Paul Sartre, essa obra conduz aos leitores um embate existencial, um impasse muito grande.

Um homem que vive em u m estado de solitude entre a sociedade, e a todo o momento tenta sair dessa condição, mas acaba sempre voltando ao seu âmago interior.

Magistral obra em que o personagem narrador se pega em momentos de autodepreciação, mas tem um orgulho grande que carrega em seu peito e que o isola cada vez mais.

Personagem contraditório, que rebate suas falas deixando os leitores confusos, mas que tem uma trama envolvente, uma estética fria, obscura e esplendida dos monstros interiores que consomem todos os seres.

Assim como apreciador de Sartre e de Kiekeergard, filósofos existencialistas, não poderiam deixar de não me ater à estética dessa obra tão digna de discussões.

Felicidade ou sofrimento exaltante? Isolamento ou convívio social? O amor é de fato interresante? Todas essas indagações são dignas dessa bela e sombria e misteriosa obra que proponho para uma análise e uma pauta de discussões que permeiam os conflitos existenciais.

Autor: Cilas Rigozino

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