DIPLOMA DE JORNALISTA. Apenas um pedaço de papel
Recentemente, o Supremo Tribunal Federal decidiu pela não necessidade de se ter diploma de nível superior para exercer a profissão de jornalista. As opiniões dividem-se, mas a minha pergunta é a seguinte: Para exercer a profissão de jornalista até então era necessário o diploma de 3° grau, porém no que esse pedaço de papel contribui para um jornalismo mais responsável e ético?
Em nossos dias é possível contar nos dedos de uma só mão para dizer um nome de jornalista que seja referência, quando o assunto é ética, preparo cultural, senso crítico e preparo técnico. Aliás, nem é preciso de todos os dedos, apenas um dedo é necessário para dizer alguém que preencha estes requisitos e seja de fato uma pessoa que se possa respeitar dentro do mundo do jornalismo.
Não vou fazer injustiça com milhares de profissionais que bem desempenham seu trabalho e possivelmente possuam as características acima aludidas, porém alguém que tem essas qualidades e é muito conhecido é o jornalista Heródoto Barbeiro, só!
Os diplomas de nível universitário por si só não conferem a ética e a pretensa imparcialidade que um jornalista necessita. Não digo que a faculdade não ajudaria na formação técnica do profissional, mas do ponto de vista do interesse público, o que se tem visto é a irresponsabilidade ampla e irrestrita apesar dos quadros que enfeitam as paredes.
O diploma é um papel que parece ter um efeito mágico na vida das pessoas. Possuir um pedaço de papel desses significa status, inteligência, cultura, preparo... Nada mais longe da verdade. O tempo nos bancos escolares da faculdade significa muito pouco em nossos dias. O estudante enfrenta um sem número de dificuldades para conciliar trabalho, vida pessoal e estudos. Seu preparo de nível fundamental e médio é abaixo de medíocre, sua vontade de aprender é pequena e seu conformismo com sua própria ignorância é lastimável. Não é sem motivo que o jornalismo que nos oferecem é bem pobre.
Não. Definitivamente, não acredito em diplomas, nem em escolas. Estes podem fazer muita diferença na vida das pessoas, mas desde que estas realmente possuam um projeto de “desmediocrização” de suas próprias vidas. Não acredito no coletivo, não aqui no Brasil. Talvez isso funcione no Japão, mas ao que tudo indica é o destaque de algumas individualidades que fazem a diferença no mundo profissional e na vida em geral.
Enfim, ter ou não ter diploma de nível superior não faz a menor diferença quando se produz um jornalismo pobre, leviano, medíocre, mercantil, engessado e tosco. Se o diploma conseguisse pelo menos abrandar essas chagas de nossos jornalistas concordaria que ele é necessário, mas se ele não possui esses efeitos miraculosos o que resta a ele é apenas enfeitar as paredes de alguns menos modestos.