GERALDO ROLIM – UM PROCURADOR FEDERAL ASSASSINADO
Na edição número doze do jornal “A ENXADA”, em outubro de 1985, nós publicamos um artigo do meu saudoso amigo, Geraldo Rolim Mota Filho, assassinado em 1995, no cargo de Procurador Federal, com 32 anos de idade, quando defendia as causas indígenas em Pesqueira, sua terra natal.
Além de advogado muito competente, Geraldo Rolim era Presidente do PSB de Pesqueira, prestava assessoria jurídica para a Fundação Nacional do Índio (FUNAI) e apresentava o programa O Povo é a lei, na Rádio Difusora de Pesqueira, afiliada da Rádio Jornal. Sua morte foi associada ao trabalho de demarcação das terras dos índios Xucurus e da defesa dos direitos humanos.
Eu tive a felicidade de ser amigo de Geraldo Rolim e acompanhei suas atividades, como Assessor do Deputado Eduardo Gomes e posteriormente como Diretor do Horto de Dois Irmãos, na segunda gestão do Governador Miguel Arraes.
Geraldo era extrovertido e muito inteligente além, de ser um construtor de amigos. Sua morte, para mim foi como a do meu conterrâneo, vereador Edgar Idalino, pois acabou mais uma carreira de um defensor das minorias injustiçadas neste país.
Veremos agora o excelente artigo escrito por Geraldo Rolim publicado n’A ENXADA, a respeito do saudoso ex-senador Marcos Freire, que à época ocupava o cargo de Presidente da Caixa Econômica Federal.
EQUÍVOCO HISTÓRICO
Geraldo Rolim*
A população interiorana acompanha com grande interesse o desenrolar da eleição para prefeito do Recife, pois é público e notório, que essa disputa irá refletir-se nas eleições estaduais de l986.
A campanha está polarizada entre Jarbas Vasconcelos e Sergio Murilo. O primeiro é apoiado pelos setores progressistas do PMDB, comandados pelo líder Miguel Arraes. O segundo se aliou ao PFL do decadente e oportunista Roberto Magalhães, sob os aplausos do ex-líder Marcos Freire.
Freire, que ainda mantém a vaidade de ser governador, aposta na indicação do seu nome para disputar a governança pelo PMDB apoiado pelas forças governistas. Por isso optou pela candidatura de Sergio Murilo, candidato oficial do Governo...
Com isso recompensaria o seu ex-adversário (ou ex-inimigo familiar), na vã tentativa de manter a falsa-Aliança Democrática.
Só que, o presidente da Caixa Econômica, esqueceu que o comandante Miguel Arraes também disputará a convenção do partido, tendo como trunfo o apoio de 14 deputados estaduais e 8 federais, que controlam 80% dos convencionais do Estado.
Como exemplo, podemos citar o combativo deputado estadual Gonzaga Patriota, que lhe assegura 60 delegados sertanejos. Também do Sertão... O acompanhará o deputado federal Mansueto de Lavor, que por certo, trará o restante dos delegados sertanejos para sua chapa.
Outro exemplo bem claro é o bravo deputado estadual Eduardo Gomes, que presenteará Arraes, com os delegados de pelo menos 30 municípios do Agreste, Sertão do São Francisco e Área Metropolitana.
Sabendo disso, e ganhando Jarbas, o que é provável, o Sr. Marcos Freire não ousará mais disputar a convenção do PMDB. Estará derrotado por antecipação. Arraes vencendo por WO, o ex-senador deve reforçar a sua aliança com o atual governador...
Quando lá estiver, arranchado no meio daqueles que denegriram a sua honra e a de sua família, na campanha eleitoral de l982, Freire então perceberá que cometeu um equívoco histórico. Pensará em voltar ao seu antigo quartel, mas aí esbarrará nos comandantes, Arraes, Lyra e Jarbas, que lhes aconselharão a voltar como soldado: a prefeito de Olinda, talvez.
*Universitário de Direito e Presidente do PMDB de Pesqueira – l986