EDUCAÇÃO PARA O CONSUMO

Na contramão do ideal grego da arete, ou seja, onde se sonhava com um ser humano virtuoso, está a nossa sociedade capitalista. Sonha-se agora com o consumo ostentoso, o além da necessidade, o além da imaginação.

Toda mídia massificada, com interesses imediatistas de prover lucros aos seus patrocinadores, está instalada no seio de nossos lares. Ninhos vazios de família, habitados por jovens e crianças que esperam seus pais ou responsáveis voltarem do trabalho, pois só o trabalho é capaz de prover o consumo entusiástico.

A demanda das despesas aumenta e as pessoas sentem a necessidade de ter dois ou três empregos para saciar a sede de consumo da família. Não há tempo para levar os filhos ao teatro ou ao cinema. Não é possível apreciar uma música clássica junto dos filhos. Educar o gosto é uma utopia. Enquanto isso, a mídia segue seu circo de horrores bem sucedido em nossos lares.

Ainda resta a escola. Lá temos a esperança de que nossas crianças receberão a cultura necessária para educar o seu gosto. Arte, teatro, música, filosofia – outra utopia – vemos um currículo com uma carga pesada de língua portuguesa, matemática e física. A escola prepara nossos filhos para o mercado de trabalho. Terão dois ou três empregos como seus pais e sempre precisarão comprar mais coisas para se sentirem felizes e bem sucedidos.

Estamos caminhando a passos largos para a nossa própria idiotização. Quando não temos mais o direito de optar, quando não queremos mais optar, pois estamos muito cansados para fazer escolhas. Achamos o preço de um livro ou um ingresso para entrar em um museu caríssimo, mas no mesmo instante, passamos em frente de uma vitrine, vemos aquela roupa que estávamos “desejando” e compramos, sem reclamar.

E assim caminha a nossa desumanidade.

Tai
Enviado por Tai em 07/06/2006
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