A RIQUEZA DA AMAZÔNIA

O bater de asas de uma borboleta

no Brasil pode causar um tornado no Texas?

Edward Lorenz (29-12-1979)

Caos, em grego e também em português, significa desordem. Não é, todavia, a acepção dos modernos cientistas do caos.

“O caos – diz o matemático Ian Stewart – não é aleatório. É um comportamento aparentemente aleatório que resulta de regras precisas. O caos é uma forma cripta de ordem”. A ciência do caos tem aplicações práticas em vários setores, máxime em finanças e na climatologia. É por aqui que queremos focalizar a Amazônia.

Ela não é, como se dizia, o pulmão do mundo, mas, certamente, é um regulador do clima do planeta. Se a Amazônia sofresse um processo extensivo de desmatamento, haveria uma queda na quantidade de umidade que é lançada na atmosfera através da evapotranspiração. Isso acarretaria uma diminuição da pluviosidade, desencadeando um ciclo no qual a cobertura florestal sobrevivente iria se tornando cada vez mais árida. Com o tempo, as repercussões atingiriam até o sul do Brasil, levando a seca a seus extensos terrenos agrícolas. Em nível planetário, contribuiria para a Terra ficar mais quente. Uma temperatura global mais elevada causaria chuvas intensas e concentradas, enchentes e erosões. O solo ficaria menos úmido e haveria longas estiagens.

A Amazônia é rica de madeiras nobres e em seu subsolo há minérios valiosos, mas a grande riqueza, incomensurável, é ela mesma. Vivemos na cultura do lucro, na prevalência do ganho monetário e do imediatismo. É difícil renunciar à derrubada das árvores, à extração dos minérios e a transformar tudo em moeda.

São muito recentes os sinais de reação à cultura do lucro vislumbrados nos slogans exibidos em cartazes pelos manifestantes de Seattle e de Praga: “Pessoas, não lucros” e “O mundo não está à venda”.

José Lisboa Mendes Moreira
Enviado por José Lisboa Mendes Moreira em 06/06/2006
Reeditado em 22/07/2006
Código do texto: T170543