Vida de Músico
Começarei a minha coluna desta semana com uma pequena definição do que é um músico porque sei que tem gente ainda que não sabe muito bem. Segundo dicionários e autores de grandes livros sobre música, é tido como músico, a pessoa que se dedica ao estudo da música ou aquele que consegue passar um sentimento através de um instrumento musical ou voz. No Brasil, infelizmente, o músico é descriminado e visto como “vagabundo” em muitos casos. O que a maioria dessas pessoas não sabem é que o músico tem de estudar tanto ou até mais do que qualquer outra profissão, além da prática do instrumento que é um quesito tão importante quanto a teoria musical e que exige muita paciência e dedicação. O curso superior de música, na maioria das faculdades e universidades do Rio Grande do Sul dura cerca de 3 anos e meio a mais de 4 anos. Tocar e dominar plenamente um instrumento exige muito estudo e prática diária. A realidade e o pré-conceito de alguns só consegue enxergar que o baterista “bate” de qualquer forma e faz o ritmo, e que o guitarrista passa os dedos por “qualquer nota” e faz-se o solo etc. Doce engano. Os músicos têm de seguir compassos, escalas, pausas, etc. O mercado nacional acaba por criar várias classes de músicos no Brasil, dentre os mais conhecidos o pop e o underground. Os que ganham muito dinheiro e os que ganham pouco. A vida dos que ganham muito, presumo, é mais fácil, já que a banda geralmente ganha o equipamento de grandes marcas de instrumentos além de ter roadies, mesários, empresário, caminhão, ônibus, carregadores, fotógrafo, equipamento de primeira grandeza, página personalizada na internet, estúdio profissional para a gravação do próximo disco, etc. Do outro lado da moeda é mais difícil, a banda NÃO tem roadies, mesários, empresário, caminhão, ônibus, carregadores, fotógrafo, equipamento de primeira grandeza, página personalizada na internet, estúdio profissional para a gravação do próximo disco, etc. Tudo se resume a muita vontade e a um Fiat 147 velho. Esse tipo de músico tem de comprar todo equipamento com o dinheiro de uma vida paralela à de músico, e é ele quem tem que instalar, tocar, desinstalar, limpar, guardar, carregar no carro e descarregar quando chegar em casa. Fácil? Somente para a banda que canta isso. Ele (o músico pobre) ainda tem que colocar gasolina no Fiat 147, com os trocados que o dono do bar pagou para a banda e também tem de beber alguma coisa, logo que está cansado da apresentação, então lá se vão reais em bebidas alcoólicas ou água. No ensaio seguinte, percebe que vai ter de gastar mais algum dinheiro para comprar um novo cordamento (jogo de cordas) porque o que tem está velho, ou um novo par de baquetas (bastões de madeira que o baterista usa para tocar), pois o par que tinha quebrou no último ensaio. Calos e bolhas nos dedos, levantar caixas de som ou carregar uma bateria inteira pra lá e pra cá nunca foram problemas... Praticamente heróis. Bem diferentes dos do Big Brother, mas garanto que bem mais autênticos e condizentes com o significado da palavra. Eles lutam muitas vezes não pelo dinheiro em si, mas por sua arte. Pelo reconhecimento e entendimento de um grupo de pessoas, amigos ou alguém que julgam importante. Viva a música, viva quem faz dela a vida... O músico! Os meus mais sinceros parabéns a todos os músicos do país, e principalmente, aos do Paranhana que fazem à alegria dos ouvintes conscientes da região. Boa semana, muita música, abraço!
Texto publicado no Jornal Paranhana do RS em Junho de 2009.