Enquanto assistia TV

Assistia ao telejornal quando noticiado um episódio na TV Senado de um espetáculo de xingamentos e insultos cruzados,estava defronte a televisão sentado no sofá coberto pelo meu edredon aconchegante qual instigava minha melatonina e coibia meu raciocínio pela sensação agradável do conforto, por segundos , como um insight acordei de minha alienação e letargia e observei atentamente aquela cena.Será uma chamada de presença?Uma dinâmica de atribuição de adjetivos? Troca de elogios e cortesias? Não sabia exatamente o que pensar.Não acredito que pessoas letradas, acadêmicos respeitados estejam se degladiando em rede nacional.Ao término do jornal de horrores e sensacionalismo fui até a cozinha e esquentei um copo de leite no micro-ondas e retornei a sala para assistir, começou a telenovela.O Raimundo traiu Porcena que é sua irmã adotiva sequestrada no hospital por Rebeca que trajou-se de enfermeira e a levou para Nova York que coincidentemente a encontrou em Paris numa trombada, apaixonou-se perdidamente.Pensei comigo, que mundo doido, esquisito, como pode uma coisa dessas?

Minha mamãe não está, não fui eu quem quebrou o vidro da janela, o "danone" não fui eu que tomei os dois, não sei do que está falando, acho que o Rogério está me traindo, deputado é acusado de desvio de dinheiro,bispo é preso com dinheiro na cueca, MP investiga lavagem de dinheiro, suzana Richthofen diz ser inocente, casal acusado de atirar menina da janela de apartamento, Eloá, menino arrastado por carro resulta em óbito. Naquele instante fiquei em choque, anestesiado , incapaz de qualquer reação, 22:00 da noite. Meu deus, que mundo é esse,um mundo que castra qualquer ingenuidade e esperança, um lugar de encenação e primazia pelo fingimento e perfidia.Compenetrado em meus pensamentos, digerindo a ángustia da inospitabilidade da vida, fui su rpreendido pela minha mãe que em tom grave falou:

_ Meu filho, vá dormir para acordar cedo para ir a escola.Isso é horas de um menino de 6 anos estar acordado?!

Levantei-me ainda vertiginoso de sono, deitei-me em minha cama quando surpreendido pelo sono que me escolheu.Preparando-me para mais um dia de brincadeiras na escola e mimos dos meus pais que ainda pensam que sou criancinha.

Edivaldo de Oliveira Barbosa
Enviado por Edivaldo de Oliveira Barbosa em 13/07/2009
Reeditado em 14/07/2009
Código do texto: T1696508
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