O poder político e a educação

Reflexões sobre o poder político e a educação em cidades interioranas

Historicamente, falar de política no sertão é remeter a comentários de meia dúzia de partidários que insistem em tratar a política como um jogo de interesses dos partidos e seus representantes. Bem mais que isso, política, segundo o dicionário eletrônico Aurélio é: “ “conjunto dos fenômenos e das práticas relativos ao Estado ou uma sociedade”, “ arte e ciência de bem governar, de cuidar dos negócios públicos ”, habilidade no trato das relações humanas”, “ modo acertado de conduzir uma negociação; estratégia” ” . Como se pode perceber, conceitos bem distantes do que se vê ou ouve na prática. Por causa da “política” exercida no meio social de algumas pessoas no município, castram-se potenciais, corrompem-se personalidades, desvirtua-se o caráter de pessoas e coloca-se em jogo o futuro da sociedade que se representa. Enfim, que se pode esperar de uma sociedade cujos representantes não tem consciência de seus reais potenciais, de suas reais convicções, que ao menor sinal de lucro expõe toda uma organização em prol de interesses restritos?

Talvez seja esta uma pergunta intrigante, mas creio, não menos intrigante do que anular direitos, incutir e embutir leis retrógradas, desviar a atenção ao que realmente é necessário nessa vida em sociedade. Estaríamos então voltando à época medieval? Custa-nos acreditar que toda uma população deva perder seus direitos em prol de meia dúzia de homens que “estão” – vale frisar que não “são” apenas estão – representantes das leis e dos nossos direitos. É falho pensar que quatro anos duram para sempre, ou que o adquirido durante eles jamais acaba. Como é vão também pensar que o povo vive dormente, inerte, dormindo em relação aos interesses e ao comportamento falho de políticos descompromissados.

Um fato relevante na história do povo sertanejo é notar o quanto esse povo acordou em relação ao fazer político, abrindo as porteiras de currais eleitorais tradicionais. Como toda renovação, ela aconteceu de forma lenta, diria que ainda nos primeiros passos, mas significativa se pensarmos que muitos tiveram a coragem de dizer “não” a muito político quando foi à procura dessas pessoas em busca de voto. Muito precisa ser feito no sentido de mudar o pensamento das pessoas, no intuito de que entendam que o verdadeiro está nas mãos do povo e não na dos políticos. Prova disso é o movimento dos Sem Terra, que abre muitas portas com o grito dos seus participantes. Outro exemplo simplório, mas de muito significado, é o dos estudantes que foram às ruas brigar por seus direitos. Isso prova que pessoas que pensam têm o poder de mover montanhas e que são capazes de abrir mais mentes no tocante aos seus direitos com a responsabilidade dos seus deveres.

Como se comportaram nossos dirigentes ao longo da história de Monte Alegre de Sergipe emancipada? A falta de conhecimento acerca dos direitos do povo fez com que eles fossem mais uns na lista dos que negaram os direitos do povo do qual eram representantes. O registro das ações deles podem não estar registradas no papel, o que as tornariam oficiais, mas estão gravadas na memória do povo que sempre sofreu com as inconstâncias provocadas pelo falso entendimento do que seja política. Não cabe a esse observador citar nomes de pessoas envolvidas nesse caso, basta mostrar o caos que se instaurou e que se pretende reinstaurar nos dias atuais, onde sem escrúpulos, se burlam leis e desviam direitos em prol dos acordos políticos partidários feitos em época de campanha eleitoral.

O que esperar? Há o que esperar? O que ensinar nas escolas se a prática efetuada na sociedade não condiz jamais com a realidade que se deseja inserir nessa sociedade? Quem escolher nos próximos pleitos se todos os nomes já vistos e prometidos como mudança também comungam da mesma idéia dos currais eleitorais como forma de ascensão nos partidos e na “política”? Como organizar uma comunidade que não mais acredita em moralismo por não ver em sua sociedade práticas desse comportamento e virtude? Como conceber um modelo de educação que contemple idoneidade, ideais de cultura, desenvolvimento, caráter e bons costumes? Como provar para os jovens que o nosso lugar “tem futuro” se o que se vê na prática são conchavos políticos perdurando nas decisões que envolvem o município e seu desenvolvimento? Que tipo de pensamento promover quando a preocupação com a juventude se limita a promover festas “pra animar a garotada”? Na verdade, onde estão os pilares de formação e sustentabilidade dessa comunidade?

São questões como essas que deveriam movimentar os grandes pensamentos do nosso lugar. São ideais de futuro que faltam aos nossos munícipes. Frases são ditas de acordo com os interesses pessoais de cada um e jamais darão certo, pois não estão fundamentadas nos ideais da coletividade. Todo e qualquer planejamento só funciona com eficácia quando concebidos em prol dos interesses coletivos de uma comunidade, uma vez que tudo o que se concretiza nela é em prol dela e os resultados, positivos ou negativos, só recaem nela. Daí a importância de se aprender a enxergar melhor a quem se elege, pensar mais antes de falar, cogitar bastante antes de agir.

Façamos a nossa reflexão, busquemos as reais falhas, os reais culpados e não desanimemos. O verdadeiro poder está nas mãos do povo.