UMA OPÇÃO DE VIDA
UMA OPÇÃO DE VIDA
Depois de nos atermos na matéria escrita por Leila Ferreira, queremos dizer que o acicatamento da vontade materialista está implícito em nosso livre-arbítrio. Para isto, Deus o Pai Maior nos concedeu o instinto de conservação. Mas, essa forma de agir do ser hominal é perniciosa, se tomada ao pé da letra. Se estivermos obcecados pelo “melhor” queremos fortalecer o adágio popular, de que toda regra tem exceção. Mania na expressão escorreita da palavra é a excitação exacerbada, com períodos de agitação e delírio, uma das duas fases alternativas da psicose maníaco-depressiva.
Também vem acalhar como hábito estranho ou mania de perseguição, além do mais, pessoas possuídas dessa excentricidade não passam de seres hominais considerados obsessivos. Cada louco com sua mania já diziam nossos avós. "A mania das grandezas tinha seus exemplos notáveis. O mais notável era um pobre-diabo, filho de um algibebe (Indivíduo que vende roupas prontas novas ou usadas), que narrava às paredes (porque não olhava nunca para nenhuma pessoa) toda a sua genealogia..." (Machado de Assis, O alienista).
Está imantada no gosto exagerado, obsessão causada por desejo incontrolado ou mania de esportes, sendo o objeto dessa obsessão como o velho e surrado jogo do bicho. Com nossa imperfeição natural, jamais poderemos interferir na vontade alheia, pois ‘cada cabeça uma sentença’. O do “bom e do melhor” (grifo nosso) pode ser um costume nocivo, prejudicial, e vejam bem, um vício ou mania de mentir. A mania é palavra de derivação grega mania, as, 'loucura, demência', presente em no latim manìa, ae 'enfermidade’.
Definição bem própria dos intelectuais responsáveis pela cultura que alvitramos nos dias atuais. Essa parafernália colocada a nossa disposição tem gerado dúvidas, incertezas e excentricidades. Sentimos saudades da nossa vidinha tranquila, sem estresses, da velha rede armada no quintal, das propagandas antigas, das cantigas de ninar, dos guisados, da bola de meia, das arraias, das cadeiras nas calçadas, das tertúlias e dos corsos carnavalescos. Dos filmes em preto e branco, dos velhos cines do centro da cidade, dos bondinhos, do ônibus elétrico, do abrigo central e quiçá do velho curral.
O que é “do bom e do melhor” para uns, talvez não seja o ideal para outrem, mas como não podemos estagnar no tempo, vem à tecnologia a nos transformar escravos da máquina e das novidades. O homem sempre quer mais, e a sua ansiedade vem acompanhada dos enfartos, dos AVCS, das depressões, das síndromes do pânico e até do suicídio. Vem à globalização e com ela o desemprego e a fome. O que dizer My God? Se não concordamos somos atropelados, passamos por caretas, desatualizados, abestados, ultrapassados, quadrados, ociosos e há quem nos chamem de “mala”. Não somos “top de linha”, mas dependemos dessa adjetivação.
O mundo na luta pelo ‘bem bom e melhor’ passou a ser desumano, açambarcou a violência, as guerras abomináveis, o culto ao corpo, a pedofilia, a molície, a disfunção sexual, à perda da excitação e até do coração. Minha amiga Leia Ferreira, vislumbramos muita sinceridade em suas palavras quando dizes: O ideal é termos o ‘top de linha’, aquele que deixa os outros pra trás e que nos distingue, nos faz sentir importantes, porque, afinal, estamos com “o melhor”, porém este melhor que nos fascina ao mesmo tempo nos assassina, pelo vício, pela exploração, pela degradação, pela ambição, pelo orgulho e egoísmo e falta de amor no coração. (grifo nosso)
Subtraímos de sua bela matéria o seguinte: “Se gosto do que faço no meu trabalho, tenho que subir na empresa e assumir o cargo de chefia que vai me matar de estresse porque é o melhor cargo da empresa”? “E aquela TV de não sei quantas polegadas que acabou com o espaço do meu quarto”? (grifo nosso). Infelizmente temos que considerar sua conotação, pois se pensássemos o contrário seríamos um fora de moda, atrasado e alienado, mas com toda esta tecnologia tão propalada, que nos deixa a mercê “DO BOM E DO MELHOR”, não conseguimos vencer a batalha insana contra os insetos, mosquitos, bactérias e vírus que nos abalam todos os dias, a toda hora e a todo instante.
Não conseguimos dominar o medo da morte, de falar em público, de reconhecer nosso próximo como irmão, de imantar o amor e o perdão, então, para que serve: “o uso do Bom e do Melhor”, se a maioria dos ‘seres humanos’ são vítimas da insensatez, da maldade, da falta de caridade, da fraternidade amiga e de um ombro caliente para amenizarmos nossas lágrimas, nossas tristezas. Não somos donos da verdade, mas somos filhos do Dono dela. Preferimos uma casinha modesta moldada a nossa vidinha, e que a tranquilidade, a felicidade e o amor no coração sejam a razão maior do nosso viver.
ANTONIO PAIVA RODRIGUES-MEMBRO DA ACI-ALOMERCE E AOUVIRCE-FORTALEZA/CEARÁ