O pobre menino de cinquenta anos
Michael Jackson ,sem dúvida, foi um gênio artístico, tinha composições tocantes, uma voz intrigante e um bailar inusitado e contemporâneo. Michael Jackson com a criação de clipes e da cultura pop nos brindou com seu talento, e ,ao mesmo tempo, com sua vida atribulada e repleta de acidentes emocionais e condutas que inspiravam estranheza e quiçá repulsa.
Se era gay ou não,era irrelevante. Será pedófilo ou não, irrelevante. Ele sofreu autopsia em vida, modificando não só o nariz, a face e a cor da pele. Foi mutante e mudou a vida de muita gente...
Sua morte enigmática e envolta em nuvens de demerol e outros anestésicos e analgésicos demonstram não só a dor intensa que sofria, mas se reparamos bem, ainda infante já exibia publicamente olhos tristonhos a revelar uma vida violada cheia de amargores e exigências impróprias para sua idade.
Devemos sempre lembrar a criança é um ser humano em desenvolvimento, e deve receber educação, amparo emocional e afeto para se desenvolver de forma saudável e plena.
Aliás, preocupa-se o direito civil contemporâneo, que não só passou a ser guiado pelo princípio da preservação da dignidade humana como também pela elevação da criança e adolescente à categoria de sujeito de direito, tutelados com a preocupação de se atender o melhor interesse da criança.
Sua trajetória trágica e não menos brilhante o matou prematuramente aos cinquenta anos. Mas, ele era um pobre menino de cinquenta anos, que não queria crescer, tendo por ídolo Peter Pan, tanto assim que dera o nome de seu rancho de “Terra do Nunca”.
Acredito que esse batismo já era um presságio de sua falta de esperança, pois talvez não se permitisse ser feliz. Teve filhos, casou-se era enfim um astro de quinta grandeza, mas no entanto, era explícito a sua infelicidade e desconcertante busca da superação de seus traumas.
Assim como os mitos, certamente nunca saberemos tudo sobre a sua vida, sobre as inúmeras passagens secretas de sua mansão, sobre sua morte ou dramas familiares. Mas nem por isso, deixaremos de amá-lo para sempre, pelo seu talento, pelo que significou, pelas épocas que marcou e acrescentou à humanidade com sua música, dança e espetáculos.
Mesmo assim, ainda que existam pontos negativos ou duvidosos, temos a certeza que morreu menino ainda embora com cinquenta anos, e todas as suas mudanças foram no sentido de se concertar e atingir a estética perfeita, a beleza inexpugnável e appeal inegável que tanto encantou seu público e lhe transformou em ídolo.
Que descanse em paz e consiga finalmente ser feliz e encontrar na eternidade a beleza e a harmonia perfeitas que tanto perseguiu. Continuaremos a cantar: - “we are the world...” Nós somos o mundo... e você estará sempre em nossos corações.