PAPEL ÉTICO E MORAL DO EDUCADOR
PAPEL ÉTICO E MORAL DO EDUCADOR
Claudenice Costa de Souza
Pedagogo, especialista em Educação Infantil,
Mestranda em Ciências da Educação – Universidade Tecnológica Intercontinental ( UTIC)
Resumo: A finalidade deste artigo é refletir sobre a exigência ética da moral na educação, pensando sobre a questão de como a escola pode contribuir para a formação ética e moral de seus membros em nossa sociedade contemporânea. Inicia-se com a análise sobre a relação de pertença entre ética e educação, abordando a relação conceitual dos termos e reconstruindo os principais paradigmas ético-educacionais.
Palavras-chave: Moral .Ética. Educação. Cidadania. Autonomia
Introdução
Na introdução do tema: Ética e moral, há explícito que nos costumes, manifesta-se um aspecto fundamental da existência humana: a criação de valores. Os diversos grupos e sociedades criam formas peculiares de viver e elaboram princípios e regras que regulam seu comportamento. Esses princípios e regras específicos, em seu conjunto, indicam direitos, obrigações e deveres. Não há valores em si, mas sim propriedades atribuídas à realidade pelos seres humanos, a partir das relações que estabelecem entre si e com a realidade, transformando-a e se transformando continuamente. Assim, valorizar significa relacionar-se com a natureza, atribuindo-lhe significados que variam de acordo com necessidades, desejos, condições e circunstâncias em que se vive. Pela criação cultural, instala-se a referência não apenas ao que é, mas ao que deve ser. O que se deve fazer se traduz numa série de prescrições que as sociedades criam para orientar a conduta dos indivíduos. Este é o campo da moral e da ética.
Esse trabalho tem como objetivo demonstrar a abordagem do papel da ética e a moral para o educador desse novo mundo contemporâneo, bem como a importância desse tema na educação.Sendo que ética são os princípios morais e os valores que norteiam os seres humanos nas suas ações com outros membros da coletividade.
Será abordado as formas de ensino sobre ética e moral constante nos Parâmetros Curriculares Nacionais: tendência filosófica, afetivista, moralista e democrática.
A ÉTICA, MORAL E O EDUCADOR
No mundo instaura-se vivência das incertezas e busca constante de novos conhecimentos, choque da sociedade da informação, da globalização, da civilização técnica e científica. Neste eixo permanente de vivências, pensasse a respeito do papel do educador nesta sociedade pós-moderna.
Faz-se necessária à compreensão detalhada a cerca de qual seria o papel moral do educador, sendo imprescindível o entendimento diferenciado entre a ética e a moral. Alguns autores, entre eles Moretto e Vasquez, conceitua ética como sendo a ciências que estuda e reflete o comportamento do ser humana sociedade. Percebe-se, dessa forma a cumplicidade de se ensinar ética, uma vez que, sendo principio norteador, esta não dita normas, mas possibilita uma reflexão dessas, enquanto que, a moral é um conjunto de regras que dita as ações do ser humano na sociedade.
Nesse contexto, a ética, na ciência permanece desde os tempos da antiguidade até os dias atuais, ao contrario da moral que vai se modificando conforme a evolução histórica do homem. Essa vertente respalda em termo do seguinte questionamento: Qual o papel moral do Educador para atuar no mundo pós-moderno? Tendo em vista que a idade moderna não trouxe resposta ás indagações internas do educador, que se angustia diante de um cenária que nem o próprio educador sabe o seu papel moral de atuar pedagogicamente, parafraseando Fernando Pessoa: “ Sou um arquipélago de incertezas...” A moral perpassa por contexto conflituoso que depende dos fatores culturais e sócias. A ética parte ou surge de uma reflexão em que o individuo toma consciência e torna-se autônomo, critico, reflexivo e transformador em seu contexto sócio-histórico.
Assim, o papel do educador é promover uma tomada de decisão de consciência, que o resultado em um processo democrático e integrador, voltado ás especificidades e diversidades sócio-culturais, que se traduza na vontade de fazer cidadania, numa dinâmica de flexibilidade do aprender a pensar, ser, conviver que se apresenta nesse novo cenário pós- moderno.
Assim, como a cultura varia, as normas culturais também. Dessa forma sociedade se estrutura de forma diferente. Os valores diferem de sociedade para sociedade. Numa mesma sociedade, valores diferentes fundamentam interesses diversos. No cotidiano estão sempre presentes valores diferenciados, e a diversidade pode levar, sem dúvida, a situações de conflito. Longe de querer dissolver esses conflitos, impondo uma harmonia postiça, é importante que se instale a atitude problematizadora. O que é preciso considerar, sempre, é que não existem normas acabadas, regras definitivamente consagradas. A moral sofre transformações, principalmente quando submetida à reflexão realizada pela ética. Conforme o PCN (1998, p. 53):
Nesse sentido, a distinção que se faz contemporaneamente entre ética e moral tem a intenção de salientar o caráter crítico da reflexão, que permite um distanciamento da ação, para analisá-la constantemente e reformulá-la, sempre que necessário. Por ser reflexiva, a ética tem, sem dúvida, um caráter teórico. Isso não significa, entretanto, que seja abstrata, ou metafísica descolada das ações concretas. Não se realiza o gesto da reflexão por mera vontade de fazer um "exercício de crítica". A crítica é provocada, estimulada, por problemas, questões de limites que se enfrentam no cotidiano das práticas. A reflexão ética só tem possibilidade de se realizar exatamente porque se encontra estreitamente articulada a essas ações, nos diversos contextos sociais. É nessa medida que se pode afirmar que a prática cotidiana transita continuamente no terreno da moral, tendo seu caminho iluminado pelo recurso à ética.
Ao ingressar no campo da ética no ensino escolar, as atividades persecutórias esbarram-se em limitações, não sendo totalmente livres para agirem. Deve haver respeito coma individualidade e a realidade posta a cada aluno. Como também coma realidade de cada sociedade. Logo ao nascer, o ser humano se relaciona com regras e valores da sociedade em que está inserido. A família é o primeiro espaço de convivência da criança. Ao lado da família, outras instituições sociais veiculam valores e desempenham um papel na formação moral e no desenvolvimento de atitudes. As presenças constantes dos meios de comunicação de massa nos espaços públicos e privados conferem a eles um grande poder de influência e de veiculação de valores, de modelos de comportamento. A religião contribui da mesma forma. As várias instituições sociais, motivadas por interesses diversos concorrem quando buscam desenvolver atitudes que expressam valores. Os indivíduos transitam por algumas dessas instituições durante toda a sua vida; em outras, por períodos determinados; e em outras, ainda, nunca transitarão.
A ética depende do tipo de relação social que o indivíduo mantém com os demais e, segundo o autor existem tantos tipos de moral como de relações sociais. A moral é imposta a partir do exterior como um sistema de regras obrigatórias, muitas vezes difícil de ser compreendida. Tamanha é a interferência da diversidade cultural que é explanado no PCN:
O fato é que, inevitavelmente, os indivíduos se constituem como tais convivendo simultaneamente com sistemas de valores que podem ser convergentes, complementares ou conflitantes, dentro do tecido complexo que é o social. As influências que as instituições e os meios sociais exercem são fortes, mas não assumem o caráter de uma predeterminação. A constituição de identidades, a construção da singularidade de cada um, se dá na história pessoal, na relação com determinados meios sociais; configura-se como uma interação entre as pressões sociais e os desejos, necessidades e possibilidades afetivo-cognitivas do sujeito vivido nos contextos socioeconômicos, culturais e políticos (PCN, 1998, p. 62).
Assim, ao trabalhar a ética na educação em sala de aula, o professor se depara com a questão do choque de valores. Os diversos valores, normas, modelos de comportamento que o indivíduo compartilha nos diferentes meios sociais a que está integrado ou exposto colocam-se em jogo nas relações cotidianas. A percepção de que determinadas atitudes são contraditórias entre si ou em relação a valores ou princípio expresso pelo próprio sujeito não é simples e nem óbvia. Para isso: requer uma elaboração, implicando reconhecer os limites para a coexistência de determinados valores e identificar os conflitos e a incompatibilidade entre outros. A forma de operar com a diversidade de valores por vezes conflitantes também é dada culturalmente, ainda que do ponto de vista do sujeito dependa também do desenvolvimento psicológico. Os preconceitos, discriminações, o negarem-se a dialogar com sistemas de valores diferentes daqueles do seu meio social, o agir de forma violenta com aqueles que possuam valores diferentes, são aprendidos (PCN, 1998, p. 64).
Nessa perspectiva, a escola, como uma instituição pela qual espera-se que passem todos os membros da sociedade, coloca-se na posição de ser mais um meio social na vida desses indivíduos. Também ela veicula valores que podem convergir ou conflitar com os que circulam nos outros meios sociais que os indivíduos freqüentam ou a que são expostos. Deve, portanto, assumir explicitamente o compromisso de educar os seus alunos dentro dos princípios democráticos. Se entendida como apenas mais um meio social que veicula valores na vida das pessoas que por ela passam, a escola encontra seu limite na legitimidade que cada um dos indivíduos e a própria sociedade conferir a ela. Se entendida como espaço de práticas sociais em que os alunos não apenas entram em contato com valores determinados, mas também aprendem a estabelecer hierarquia entre valores, ampliam sua capacidade de julgamento e a consciência de como realizam escolhas, ampliam-se as possibilidades de atuação da escola na formação moral, já que se ocupa de uma formação ética, para formação de uma consciência moral reflexiva cada vez mais autônoma, mais capaz de posicionar-se e atuar em situações de conflito.
A escola de hoje está deixando um pouco de lado a construção moral e a educação ética, atribuí-se prioridades a outros assuntos como o vestibular, a mensalidade escolar, mas esquece que a formação do indivíduo é a mais importante, e que permeará por toda a sua vida. A criança que se educa eticamente torna-se um adulto capaz de ir ao encontro do outro, reconhece-se com seu igual e não assume as regras morais como regras obrigatórias. Portanto, o educador possui um papel fundamental na formação ética e moral do indivíduo, principalmente na educação infantil, onde se inicia a vida escolar. Acredito que trabalhamos a ética e a moral na educação infantil vivendo-as, demonstrando-as aos nossos alunos através dos nossos atos, da nossa postura, das atitudes e dos valores aos quais acreditamos. Não se ensina moral e ética, vivencia-se. Se a escola deixa de cumprir o seu papel de educador em valores, a referência ética de seus alunos estará limitado à convivência humana que pode ser rica em se tratando de vivências pessoas, mas pode estar também carregada de desvios de postura, atitude comportamento ou conduta, e mais, quando os valores não são bem formais ou sistematicamente ensinados, podem ser encarados pelos educandos como simples conceitos ideais ou abstratos, principalmente para aqueles que não os vivenciam, sejam por simulações de práticas socializou vivenciados no cotidiano.
3. CONSIDERAÇÕES FINAIS
A educação é uma socialização das novas gerações de uma sociedade e, enquanto tal, conserva os valores dominantes (a moral) naquela sociedade. Toda educação é uma ação de diálogo entre seres humanos Uma educação pode ser eficiente enquanto processo formativo e ao mesmo tempo, eticamente mau. Pode ser boa do ponto de vista da moral vigente e má do ponto de vista ético. A educação ética (ou, a ética na educação) acontece quando os valores no conteúdo e no exercício do ato de educar são valores humanos e humanizadores.
A educação para a vida exige dos educadores uma postura de ação com responsabilidade, ou seja, habilidades de oferecer respostas mais adequadas às demandas, à medida que essas se apresentam. O conhecimento atual aponta para atitudes criativas, para a busca de soluções inéditas, para a liderança ética, para o resgate dos valores. O estudo da Ética vai complementar o trabalho formativo que realizamos no dia-a-dia e isso pode ser efetivado através de atividades práticas que possibilitem real vivência dos valores esquecidos por muitos. A Ética, antes de qualquer coisa, deve estar impregnando as ações de cada dia, seja dentro da sala de aula ou fora dela. Nunca se deve perder a oportunidade de formar a mente e o coração dos alunos. Se tiver de ser feito através de uma disciplina específica, que seja bem-feito e que haja contextualização com o momento presente.
A revisão nos cursos de formação de professores é urgente. Precisa-se de educadores completos que tenham atitudes éticas em sua essência para orientar nossas crianças, adolescentes e jovens que buscam algo melhor para sua formação e para suas vidas.
4 BIBLIOGRAFIA
BRASIL. Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros Curriculares nacionais: Terceiro e quarto ciclos; Apresentação dos temas transversais. Brasília: MEC/SEF, 1998.