Refeição à mesa?

O que vale mais é a questão dos costumes das famílias, fazendo referência ao meu exemplo por ter passado por várias fases de experiência no assunto, quando passo a relatar minhas fases de criança, pré-adolescência e adolescência. Residindo na zona rural com a família cujo lema era “trabalhar para a subsistência”.

O objetivo de meus pais era completar numerário para comprar uma propriedade rural, embora não deixando de cuidar bem da nossa alimentação que era vasta e recheada de variadas frutas de produção própria.

Porém não era costume na roça de por as refeições à mesa. Cada um servia-se à vontade direto no fogão a lenha, fora nos dias de trabalho que o almoço e o lanche da tarde eram servidos ali mesmo na roça, sentava-se no chão ou qualquer lugar que tivesse apoio.

O objetivo de meus pais foi concretizado quando compraram uma propriedade rural em Tanabi/SP, próximo ao distrito de Ibiporanga/SP, no local chamado Barra Mansa. Falando ainda sobre as refeições à mesa eu, ainda na adolescência, havia mudado para a cidade de Barretos/SP para estudar. Fui morar na casa de conhecidos, compadres de meus pais, de descendência italiana. Receberam-me muitíssimo bem como se fora um filho. Com eles convivi por quase seis anos, tornando-me quase um membro da família.

Os costumes eram outros que fui absorvendo aos poucos. Como exemplo, colocar as refeições à mesa. Eles tinham o hábito de sempre arrumar a mesa para todos almoçarem e jantarem juntos. Isso na medida do possível, já que alguns tinham que cumprir horários escolares ou de serviços.

Parece que as coisas aconteceram por Deus mesmo, dado aos meus sonhos de estudar mais após a conclusão do antigo curso primário em conseguir esse lugar para morar, trabalhando durante o dia e estudando à noite.

Nos finais de semana, especialmente no domingo, o capricho com a mesa era bem maior. Todos tinham o hábito de ir à missa. Dava-se grande ênfase ao Natal e à Páscoa. Importante: não se servia se bebida alcoólica em hipótese alguma. Nesses almoços e jantares era comum conversar despreocupada e calmamente assuntos de família onde nunca presenciei discussão, falar alto ou reclamarem de alguém. Naquela época a televisão era coisa rara e a hora da refeição era muito especial. Todos ficavam próximos e se serviam fraternalmente em comunhão.

Eu já ganhava razoavelmente bem e pagava os custos da minha estadia na casa deles. Talvez valor simbólico, porém pagava.

Algum tempo depois mudei para Frutal/MG já como iniciante de empresário e fui morar na pensão de Dona Odete Silveira. Por sorte fui também muito bem recebido, quase igual no primeiro caso. Dona Odete me tratava como se fosse seu filho. Local onde passei também a morar por três anos até me casar. Como dantes o almoço e o jantar também eram servidos à mesa. Lá almoçavam várias pessoas e, dentre elas, podemos citar o Dr. Lauzamar Roge Salomão, o Dr. Antenor Castro, o Lauro Santos Marinho, do Banco da Lavoura, o Paulo Plastino, o Sr. Clóvis, da distribuidora de materiais e o Samuel relojoeiro, continuando no mesmo sistema de Barretos. Esquecia-se a televisão e almoçávamos em comunhão fraterna.

Casei-me há 31 anos, o sistema de por a mesa não é muito usado, voltando ao sistema primário, onde cada um se serve, senta onde quiser, principalmente em frente à TV.

José Pedroso

Publiquei isso em 2001

Josepedroso
Enviado por Josepedroso em 05/07/2009
Reeditado em 29/09/2009
Código do texto: T1684154
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