EVASÃO DOS ESTUDANTES DAS UNIVERSIDADES GAÚCHAS

1. Introdução.

Evasão dependendo como ela se dá ou se pretende estudar pode ser definido de várias maneiras. Mas segundo Palharini (2004) compreende a saída definitiva do aluno do curso de origem sem concluí-lo. Nesta perspectiva, toda saída dos alunos quer mediante justificação informal ou formal, quer por qualquer outro motivo individual ou coletivo sem conclusão definitiva do curso antes matriculado numa determinada instituição de ensino denomina-se por evasão, incluindo também a troca de cursos dentro da mesma instituição.

A formação acadêmica constitui o suplemento essencial e ímpar da educação do Homem do amanha. É com ela em que desde os níveis mais elementares as pessoas são instruídas, preparadas e dotadas de ferramentas básicas de teorias e práticas para interpretação dos fenômenos naturais e até sociais. Os estudantes que daí surgem podem prever situações de mudanças locais e globais bem como prover soluções viáveis ao bem estar dos seus povos. O Estado do Rio Grande do Sul, com cenário sociodemográfico que se formou neste início do século, mostrou um espaço urbano e regional diversificado (KOUCHER, 2006). Neste sentido aliado a questões expansionistas e migratórias faz com que as questões etnológicas possam ser bastante reverenciadas. Aliás, para além de fatores históricos de colonização, a localização geográfica do território gaúcho faz com que cada vez mais se verifique uma miscigenação de culturas e povos de países vizinhos.

Notadamente a aparição do fenômeno “evasão” de estudantes das universidades gaúchas, embora não sendo um caso isolado do mundo conforme diz Santos (1999), remete a reflexão sobre a relação entre professores, alunos e o seu “meio acadêmico” , onde ambas partes envolvidas buscam satisfazer as suas necessidades profissionais, técnicas e científicas. Necessário também é analisar como está definido o aspecto meio acadêmico em que professores e alunos estão nele mergulhados como matéria prima das suas satisfações pessoais, isto entra em concordância com o que diz Tavares (1996) da necessidade de se examinar a relação causa-consequência, no sentido de que nada aparece isolado.

Não obstante é preciso focalizar a atitude do professor, no manejo das técnicas e o planejamento a ser observado em relação aos alunos (BARBOSA, 1996). Concordemente existe uma estreita relação de interdependência entre alunos ou estudantes e professores, que devem encontrar dentro do seu meio acadêmico formas de propiciar adequadamente um intercâmbio sadio de pesquisa científica, satisfação individual e coletiva.

1.1. Justificativa.

A evasão de estudantes das universidades gaúchas constitui uma grande preocupação do MEC em compreender este fenômeno que se verifica há já bastante tempo, mas com ligeiros avanços nos nossos dias. Muito embora não existam dados precisos que indicam o tempo em que a evasão começou a se verificar e que estejam disponíveis, não se pode negar que a globalização provoca importantes transformações na vida de todas as pessoas e a forma de como encaram o seu meio ambiente. A universidade como uma instituição de ensino e aprendizagem não fica alheia a essas mudanças. Sobrinho (2004) diz que as mais importantes transformações de educação superior têm a ver com as mudanças que a globalização vem produzindo nos planos locais e mundiais. Isto não significa que a globalização provocou a evasão, mas sim com a globalização o fenômeno torna-se frequente, acentuado e quase que normal.

Portanto o cenário nas instituições de ensino também é de troca de conhecimento, local social com benefício individual. Mas é preciso analisar até que ponto beneficiamos as necessidades globais em detrimento das locais; e até que ponto as locais são reais em detrimento das globais; visto que quer locais quer globais não são nem livres e nem dependentes. Por isso, mesmo que Palharini (2004) afirma que a regulação e avaliação formativa e democrática é um instrumento de compromisso de uma educação superior consciente de suas responsabilidades públicas.

O que se verifica é que existe evasão dos estudantes das universidades gaúchas e que não se sabe ao certo quais serão os reais motivos que estarão por detrás de tais saídas. Portanto não existem dados ou estudos profundos dirigidos especificamente para o território gaúcho para estudar este fenômeno. No Rio Grande do Sul segundo dados da Secretaria da Educação, a taxa de evasão tem evoluído progressivamente, e ocorre com mais frequência em populações jovens o que acarreta um grave prejuízo para o país (BERTA, 1983). Portanto a não clarificação dessas responsabilidades públicas num mundo que se confronta sempre com o global, as universidades gaúchas precisam compreender melhor as causas específicas naturalizadas do território gaúcho que faz com que a relação entre professores, alunos e o seu meio acadêmico seja afetado, o que de fato pode provocar evasão dos seus estudantes. O MEC como uma instituição geral que regula o ensino no Brasil, precisa entender que as prováveis causas nem sempre podem ser as mesmas em outro lugar do país, mas que em todo lugar as evasões são um retrocesso no processo de desenvolvimento sócio econômico.

1.3. Causas ou fatores (hipóteses) da evasão.

Sem limitar quaisquer que sejam outras possíveis hipóteses sugestivas desde individuais até externos , é provável que:

• O estado do Rio grande do Sul onde Porto Alegre faz parte, por possuir bastante movimentação na integração cultural por causa das migrações e expansionismo, as suas universidades estão com currículos alheios dos valores sociais e etnológicos dos seus habitantes;

• A insatisfação da carreira ou curso escolhido, provocada pelo desequilíbrio entre os desejos e realidades de cursos oferecidos nas universidades pode estar contribuindo sobremaneira na evasão;

• A constante mudança de importâncias profissionais ditadas pelo mundo globalizado, provoca frustração ou stress, construindo em mente do estudante um senso de incapacidade de poder estar na altura das exigências do mercado de trabalho atual, gerando evasão por diversos motivos como gravidez precoce e outros.

REFERÊNCIAS.

BARBOSA, S. F. e CARVALHO, F. A. A importância da interdisciplinaridade na prática de ensino: uma experiência. In: BAUMGARTEN, C. A. (Org.). Artexto. Revista do Departamento de Letras e Artes. RGS, v.7,1996, p.11-16.

LAKATOS, E. M. e MARCONI, M. A. Metodologia do Trabalho Científico. 4.ed. São Paulo:Atlas, 1992, 214p.

KOUCHER, A. B. Migrações internas no RGS: Novos cenários de desconcentração espacial Urbano-Regional. 2006.

PALHARINI, F. A. Elementos para compreensão do fenômeno de evasão na UFF. In: Avaliação. Revista de Rede de Avaliação Institucional da Educação Superior. Campinas, v.9, n.2, jun.2004, p. 51-80.

SANTOS, A. P. Diagnóstico do fluxo de estudantes nos cursos de graduação da UFOP: Retenção diplomação e evasão. In: Avaliação. Revista da Rede de Avaliação Institucional da Educação Superior. Campinas, v.4,n.4. Dez., 1999, p. 55-68

SOBRINHO, J. D. Educação superior sem fronteiras. Cenários da Globalização: Bem público, bem público global, comércio transnacional? In: Avaliação. Revista de Rede de Avaliação Institucional da Educação Superior. Campinas, v.9, n.2, jun.2004, p. 7-8.

TAVARES, E. S. Análise de alguns fatores determinantes da ordem consequência/causa. In: BAUMGARTEN, C. A. (Org.). Artexto. Revista do Departamento de Letras e Artes. RGS, v.7, 1996, p.125-138.

Dovine
Enviado por Dovine em 05/07/2009
Código do texto: T1683253
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