Nossos Outonos
Nossos outonos
Com o friozinho chegando, certamente que os resfriados e as gripes, nos levam a ficar mais tempo debaixo das cobertas e pede aquela sopa ou caldo quentinho. É o que acontece como nas estações mais frias, nos convidam ao recolhimento.
Adoecermos é a pausa que o organismo necessita, nos solicita a urgência de um novo olhar ao velho cotidiano. Cotidiano este que insistimos em não mudar, talvez pela comodidade ou pelo medo do novo.
É a maneira do universo dizer que as coisas não vão bem. Pausa !
As doenças do corpo, são espelhos da alma, que necessitam da pausa para meditarmos sobre os acontecimentos.
O tempo é sábio e traz consigo todas as estações de nossas vidas. Nossas primaveras, verões, outonos e invernos.
Cada uma com as peculiaridades e obstáculos naturais que nos fazem crescer.
Refletir, executar os consertos da alma. Depende das dores do corpo e dos sentimentos cansados de tanta correria em busca de resultados. A fim de satisfazermos os outros e a nossa falta de propósitos ou excesso deles.
O recolhimento, a atenção, o que estamos fazendo com nossas vidas. Amadurecidas, destemidas, reprimidas, aflitas, intempestivas, cheias de si mesmo e tantas outras conotações.
Os sentimentos guardados, também não escapam de estarem desvalorizados ou hiper-valorizados. Depende da forma como embalamos a criança que dorme dentro de nós.
Talvez, dedicamos pouco tempo ao ouvir e maior tempo ao falar. Falar no celular, tv, trânsito, rádio, telefone, reuniões, palestras, cd, dvd, e-mails, patepapos, ao vivo, falar ... falar...
Que aliás, são tantos falares. Pois, o mundo não para e as pessoas não querem dormir para não perderem tempo.
Lembro-me, de quando criança e estava com algum problema, minha mãe dizia: - Dorme, filha minha, amanhã tudo se resolverá, tudo será melhor !
Creio que é neste melhor que acreditamos. A criança que adormece não é a mesma que acorda. Pois, vê que ao acordar, traz consigo a oportunidade do novo recomeçar, o novo dia, a nova estação.
Certa vez, li que desistir no inverno é perder as promessas da primavera, a beleza do verão e a expectativa do outono.
Pois, todas as estações se completam.
E nós seres humanos, fazemos ou melhor somos rascunhos na arte de brincar de ser, do fazer, do vir a ser.
Aglaé Meinberg
Junho/2009