Comemorando o gol
Copa da miséria
Deu no Terra em 23/06/09 (mas não deu na mídia pesada).
O Coronel Nunes, chefe da delegação brasileira de futebol na Copa das Confederações, esquentou a gélida noite de Johannesburgo com sua declaração sobre a copa de futebol na África.
-Como a Copa das Confederações é um teste, eu não daria nota de aprovação para isso aqui.
-Depois das seis da tarde existe “toque de recolher”, não se vê mais ninguém nas ruas.
-Estou realmente preocupado. Estava pensando em trazer minha família para a Copa, mas não sei.
-Fico olhando pela janela do hotel à noite, não se vê viva alma nas ruas.
-Parece uma cidade em guerra permanente.
-Não tem como sair depois do jogo para comemorar num bar a vitória da sua seleção.
-Nem mesmo nós que temos escolta da polícia somos respeitados, de repente algum carro fecha, passa na frente, é complicado.
Segundo o Coronel, 60% dos problemas da África do Sul para a Copa do Mundo seriam exatamente de segurança.
Quanto aos furtos de dinheiro e objetos nos hotéis das seleções do Egito e do Brasil, o Coronel considera serem “casos isolados”.
Vamos tentar explicar o “silêncio” da imprensa em geral:
1 – A CBF abafou o caso (com quanto?) dizendo que a voz do Cel. Nunes não representa o pensamento dela. Ué. Mas ele não é o “chefe” da delegação? Comanda alguma coisa ou está lá só para passear para compensar o fato do Estado do Pará não ter sido eleito umas das sedes de 2014?
2 – Os mafiosos do futebol que investiram na copa da África e tão logo ela comece vão lucrar o quíntuplo do que foi aplicado, não desejam que se dê ênfase a estes “detalhes” periféricos sociais que podem despertar os olhares incômodos de algumas ONGs.
No Brasil, na ocasião do PAN-2007, empresários faturaram alto com o evento, enquanto o povo local herdou os “elefantes brancos” (construções que agora estão quase abandonadas) e terá de pagar seus custos (que quintuplicaram) com muito suor.
3 – Se tal declaração e fatos decorrentes prejudicarem os lucros dos patrocinadores locais, eles poderão dar o troco em 2014, mostrando que no Brasil, a situação de miséria e violência do povo são iguais ou maiores do que a deles!
A única diferença é que aqui a galera comemora a vitória da seleção na rua. Depois que todos enchem o “pote”, surgem brigas, facadas, assaltos e depredações. Um “custo” que interessa aos governantes para “distrair” a galera e desviar seus olhos dos subterrâneos onde “atos secretos” são editados na calada da noite para beneficiar correligionários que angariam votos os zumbis portadores de inúteis títulos eleitorais.
Cada vez que a seleção faz um gol, eles fazem um “depósito” em suas contas bancárias.
E “comemoram” a ingenuidade dos que se digladiam pelos milionários atletas.
Haroldo P. Barboza – Andaraí / RJ
Matemática (infantil) e Informática (adultos)
Autor do livro: Brinque e cresça feliz!
Nossa sociedade é um colosso. Sobrevive no fundo do poço.