Quem teve o desaforo de inventar a saudade?
 
É a maior calúnia que contam, que saudade só existe na língua portuguesa! Em todos os idiomas tem uma expressão que se traduz em ‘saudade’, e só a experimenta, gente que perdeu ou se distanciou de gente querida...
 
Saudade pode até ser poética, mas a minha poesia não cabe um sentimento tão cruel, que espreme o coração, etiliza o juízo, às vezes perfurando a alma...
 
Quer fazer um bolo de saudade?
 
Vá agora na prateleira do seu íntimo, e cate os seguintes ingrediente: perda, falta, distância e amor. Ponha-os com delicadeza num liquidificador e bata na velocidade máxima. Sabe o que vai dar dessa mistura: SAUDADE! E se o liquidificador for ruim, não vai embaralhar nada, e ainda assim restará feita a saudade...
 
Epopeias romanas já aconselhavam a ‘solitudine’, como forma mais medonha de nos abreviar ao mais cruel isolamento poético, que nos remete a procura de uma fórmula que neutralize o seu efeito nostálgico; e onde se encontra, muitas vezes, ainda mais solitudine, ou saudade...
 
Quem inventou a saudade também inventou os portos, onde pessoas partem e chegam, causando saudade em via dupla. Quem inventou a saudade não sabia o que estava inventando, porque se a compreendesse, a faria menos inumana...
 
Não sinto saudade de lugares, porque nasci para ser de todos os lugares!
 
Eu sinto saudade do que me fez bem, do que me faz bem! Sinto saudade do que ainda pode me fazer bem...
 
Tanta coisa para se inventar, e foram inventar logo ela, a saudade...!
 
Eu com saudade sou inspiração; e sem saudade, com certeza, transpiração...!

 
CHaMP Brasil
Enviado por CHaMP Brasil em 26/06/2009
Reeditado em 05/09/2019
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