Amarrar cachorro com linguiça...
Recentemente, ao usar os serviços bancários de determinado estabelecimento financeiro, fiquei um pouco insatisfeito com o atendimento. Aguardando o funcionário desocupar por aproximadamente dez a quinze minutos e os outros andavam de um lado a outro ocupado e o que deveria me atender permaneceu sentado, dizendo: “já lhe atendo”. Primeiramente, procedendo algumas ligações telefônicas para depois me atender e eu ali sentado desta feita com um cartãozinho bancário na mão e em traje de operário (uniforme empresarial) me passou pela cabeça: se estivesse aqui com um pacote de dinheiro com volume substancial na mão certamente já teriam me atendido e ainda mais que estou representando um operário. Eu vestia uniforme da loja. Foi quando me exaltei com o funcionário e este vice e versa comigo, voltando a nos entender a posteriori.
Lembrei do seminário que participei em que muito foi falado das novas estratégias de negócios e avanços tecnológicos e da reengenharia também atingindo este setor empresarial os bancos em cheio com o surgimento do Banco 24 horas como exemplo o “Unibanco” e o corte em milhares de funcionários em todo o setor com a consequente automação e auto atendimento em todo o País. Aqui em nossa cidade não ficou por menos nos exemplos clássicos, onde agências com que tinham oitenta funcionários trabalham atualmente com pouco mais de 15% daquele total.
Há de se ver que nesta nova tecnologia de reengenharia as instituições financeiras bamburraram de ganhar dinheiro duplicando seus ativos, onde o interesse maior são números e mais números e o relacionamento com os clientes diminuído substancialmente via automação com juros elevados via liberalismo.
Aquele palestrante, diretor do Unibanco, na época maio de 1996 estava exultante com a entrada do Plano Real e a queda da inflação. Resultavam novas chances e o aumento do poder aquisitivo do povo brasileiro citando grande maioria já tinha condições de comer churrasco todo dia e que em determinados países como exemplo no Japão não é assim, pois um pequeno bife que custava quarenta dólares, uma laranja, um dólar e uma melancia, $38 dólares, asseverando que se ganha muito e se gasta muito.
Voltei um pouco mais no tempo e me lembrei também que pelos meados dos anos 40, morávamos em Cosmorama/SP. Tive a lembrança da carteira de depósito de conta corrente do meu pai onde os depósitos (fruto de produção de algodão) e os saques eram feitos manualmente e o nome da instituição ainda com nome completo (Casa Bancária Banco Brasileiro de Descontos) sem a junção do nome como hoje (Bradesco). E por falar em fartura recordei das observações da minha mãe quando se referia os bons tempos e falar que passamos pela época de amarrar cachorro com linguiça.
José Pedroso
Parece que foi publicado em 1996