Os Carmas da Vida
Os Carmas da Vida
Nunca o Brasil esteve inserido no rol da violência desenfreada, como agora. Não existe causa sem efeito e ação sem reação. Há de perguntar: por que somos violentos? Estudos realizados por especialistas no assunto chegaram a perniciosa estatística, que a cada 68 segundos um homem tira a vida do outro. E existe mais uma agravante: Não se passa um segundo sem que, em qualquer parte do orbe terrestre, alguém esteja praticando um ato de violência. Será que o homo sapiens metamorfoseou-se em homo brutalis? Talvez! Se na ótica dos exegetas a violência começou nos primórdios, isto é, quando Deus colocou o homem no mundo, há de se convir que, quando um ser tira a vida de outrem por inveja, esses sentimentos são de cunho da alma e do espírito. Caim matou seu irmão Abel, estava consumado o nascituro da violência no mundo. Será que Deus tinha esse infausto acontecimento em seu planejamento quando resolveu criar a Terra? Ou, vou surpreendido pela sua criação? O grande estudioso Niko Timberg estava certo, quando disse peremptoriamente que o homem é um “assassino sem freios”.
José Pereira fala de violência com muita propriedade e faz adequação do homem com esse instinto. Na opinião de Francisco Canestri, se uma análise contextual da violência obriga a levar em consideração a apresentação desse fenômeno nos três níveis constitutivos da realidade global (social, jurídico e individual), uma análise da realidade jurídica, no ponto de vista criminológico, também obriga a levar em consideração a existência desses três níveis inseparáveis e cujas relações são indispensáveis para a realização de um estudo criminológico de certa validade. Somando a esse estudo teremos o enfoque que estabelece a necessidade de considerar a realidade jurídica com o estudo do delito, a realidade individual com o estudo do delinqüente e a realidade social com o estudo da delinqüência. Será que essas nuanças já passaram nas cabeças pensantes de nosso país? Fica a indagação! Todos sabem que existe uma grande diferença entre agressividade e violência? E o que é que determina a agressividade e o que faz do ser hominal um violento? São indagações que amesquinham e preocupa as autoridades atuais, o homem tecnológico de que fala Victor Ferkiss, segundo o grande José Pereira se reveste de um determinado estudo, com efeito, numa verdadeira análise do “Homo Brutalis” para evidenciar, afinal, que ele apesar de brutalis é também “informaticus e sperans”(esperançoso), o que denota que os estudiosos estavam certos quando cognomiram de sapiens.
A violência é renitente e os que a praticam são acumpliciados, no geral formam hoje os famosos comandos criminosos, que nada mais são, do que o crime organizado. O desemprego, a fome, a miséria, o ócio coletivo, o consumo exagerado de álcool e drogas contribuem para essa geênica situação. Nos acontecimentos que abalaram o maior estado brasileiro, São Paulo, o grande articulador foi o PCC (Primeiro Comando da Capital), também conhecido como facção criminosa surgida no início dos anos noventa no Centro de Reabilitação Penitenciária da cidade de Taubaté, interior paulista, para onde foram transferidos prisioneiros de alta periculosidade com histórico de distúrbios em outras penitenciarias. A chacina foi geral. Não existe uma estatística oficial de mortes, mas afirmam que podem chegar aos 200, com 50 policiais mortos. Com o apoio da Farc (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia), e as organizações terroristas internacionais, o PCC cresceu e começou a demonstrar força em várias ações, como resgate de presos ou ataques a organizações militares. O PCC foi fundado em 31 de agosto de 1993 por oito presos no Anexo da Casa de Custódia de Taubaté (130 quilômetros da capital), conhecida como “Piranhão”, na altura a prisão mais segura do Estado. O grupo iniciou-se durante um jogo de futebol, quando oito presos transferidos da capital para o Piranhão, como castigo por mau comportamento, resolveram batizar a sua equipe de futebol como Comando da Capital. Vejam só: O time era formado por Misael Aparecido da Silva, o “Misa”, Wander Eduardo Ferreira, o “Eduardo Cara Gorda”, Antonio Carlos Roberto da Paixão, o “Paixão”, Isaias Moreira do Nascimento, o “Isaias Esquisito”, Ademar dos Santos, o “Dafé”, Antonio Carlos dos Santos, o “Bicho Feio”, César Augusto Roriz da Silva, o Cesinha, e José Márcio Felício, o “Geleião”. O grupo usava o símbolo chinês do equilíbrio ‘yin-yang, a preto e branco e foi adaptado como emblema da facção. Vejam os poderosos comandos que atuam no Brasil: “Amigos dos Amigos”, surgidos de uma divisão do Comando Vermelho (CV) e do TC (Terceiro Comando)-Principais líderes: “Celsinho da Vintém”, Sassá e Linho – Principais redutos: Rocinha, Vila dos Pinheiros, Morro dos Macacos, São Carlos, Caixa d’água de Piedade, Vila do Vintém, e muitos outros locais.
Comando Vermelho (CV) é uma organização criminosa surgida, em 1969, denominada na época de Falange Vermelha, dentro do sistema prisional brasileiro, mais precisamente na Ilha Grande. Conviviam com os presos da ditadura militar de 1964. Principais líderes: Fernandinho Beira-Mar, Isaías do Borel, Marcinho VP, My Thor e Elias Maluco. Redutos: Complexo do Alemão, Mangueira e Jacarezinho. Primeiro Comando da Capital PCC, que já nos reportamos nas entrelinhas dessa matéria. Terceiro Comando e Terceiro Comando Puro. O Terceiro Comando é uma extinta facção criminosa, surgida de uma dissidência do CV, no começo da década de 1990, e passou a dominar pontos de vendas a partir das zonas Oeste e Norte, áreas mais periféricas da cidade do Rio de Janeiro. Com uma aliança forjada com a ADA (amigos dos amigos) aumentou o poderia da organização, mas devido a uma dissidência, ocasionou a morte do principal líder da organização Uê, em rebelião em Bangu I, em 2002. A Ada é uma organização rival do Comando Vermelho e do PCC. Terceiro Comando Puro, formado da dissidência, nos finais de 2002, a partir da divisão entre TC (Terceiro Comando) e a ADA (Amigos dos Amigos), domina pontos de vendas nas zonas Oeste e Norte e tem pouca expressão no centro e na Zona Sul da cidade do Rio de Janeiro. Principais líderes: Robinho, Pinga e Facão. Redutos: Acari, Dendê, Parada de Lucas, Rebu, Serrinha, Baixa do Sapateiro, Timbau, Fubá, Juca e Campinho.
Vejam como a proliferação das favelas no Rio de Janeiro e São Paulo causaram e ainda causam sérios problemas para as comunidades e autoridades, e não vai ser fácil combate-las, pois ninguém, somente eles sabem como entrar e como sair sem a polícia perceber. Os órgãos de segurança vão ter que suar a camisa e fazer um planejamento para combater a bandidagem e já. Antes que a violência se espalhe por outras favelas Brasil afora. Olhem onde mora o perigo, prestem bem atenção: Rocinha, Complexo da Maré (Vila dos Pinheiros, Vila São João, Conjunto Esperança, Salsa e Merengue, Macacos, Pedreira, Muquiço, Lagartixa, Casa Branca, São Carlos, Querosene, Zinco, Coroa, Complexo do Caju, Vila Vintém, Juramento, Para Pedro, Jorge Turco, Guarda, Rato Molhado, Caixa d’água, dezoito, Fubá, Quitungo, Adeus e Chumbada). Favelas do CV: Complexo do Alemão, Andaraí, Providência, Mangueira, Borel, Formiga, Jacarezinho, Manguinhos, Mandela, Parque Araxá, Barreira do Vasco, Complexo da Maré, Nova Holanda e Parque União, Cidade Alta, Kelsons, Vila Cruzeiro, Fé, Sereno, Chatuba, Complexo do Lins, Matriz, São João, Cerro Corá Dona Marta, Vidigal, Pavão-Pavãozinho, Chapéu Mangueira, Tabajaras, Cidade de Deus, Cruzada de São Sebastião, Camarista Méier, Vila Kennedy, Metral, Dique, Furquim Mendes, Vigário Geral, Chapadão, Antares, Cesarão, Rola, Barbante, Vila Joanisa, Bateau Mouche, Turano, Salgueiro, Chacrinha, Pereirão, Santo Amaro, Galinha, Tuiuti, Bandeira 2, Fernandinho Beira-Mar e muitas outras. Se os governos tivessem investido pesadamente no social, talvez essa lastimável situação não estaria acontecendo. E ainda reclamam da Segurança, eles construíram a insegurança, agora querem tapar o sol com a peneira. Missão Fácil? Não. Dificílima.
ANTONIO PAIVA RODRIGUES-ESTUDANTE DE JORNALISMO DA FGF E MEMBRO DA ACI