A novela da descontextualização, uma novela no SBT
Ontem assisti a dois minutos completos da nova novela do SBT, novamente escrita pela tão agora exaltada (pelo SBT) mulher do Silvio Santos, cujo nome não me recordo agora e (talvez seja Isis Abravanel ou coisa parecida), “Vende-se um Véu de Noiva”. Por um leve instante tive uma impressão estranha, me recordei do anúncio feito nos intervalos dizendo que a novela seria melhor que as novelas da Record e da Globo, aí, logo que iniciou o bloco, uma música trilha do filme “Como se fosse a primeira vez” (com Adam Sendler, lembra), começa a tocar e imagens de praia cinematograficamente montadas surgem na tela. Que maravilha, pensei, estão tentando usar fórmulas para atrair público! Fiquei realmente contente por isso, porque quem segue as formulas faz coisas razoavelmente interessantes, coisas assistíveis e atraentes naqueles momentos que precisamos de calmaria. Mas o pasmo passou logo depois, inúmeros erros de áudio decorreram depois dos três primeiros takes, depois seguiu-se uma cena de diálogo (briga) entre duas pessoas. Os atores realmente poderiam ser bons atores, se estivessem trabalhando no teatro, as encenações estavam realmente forçadas e cheias até o gargalo de tiques dos palcos. Infelizmente, para piorar, esta cena foi toda gravada num único take, o que chamamos de take contínuo, desprezando totalmente a ação dramática daquela cena, fiquei realmente triste por isso. Este take contínuo ainda foi capitado a uma distância realmente grande dos atores, desprezando ainda mais a dinâmica que a cena exigia, veja como realmente fiquei triste! E teve um instante em que a atriz saiu do quadro (saía de cena pela exigência da ação mesmo), mas o câmera oscilou, não sabendo o que deveria captar e, por um instante, acabou perseguindo a atriz no seu sair de cena. Coisa chocante! A cena que se seguiu pós essa, foi intrigante tanto quanto, pois o retorno ao ato cinematográfico a imperar o mundo imagético do SBT, a câmera fora instalada a uma certa distância, num campo, onde filmaria um carro se deslocando numa estrada de terra. A princípio a imagem foi captada com uma objetiva normal, o que não deixou a imagem tão bonita, mas, depois, um take foi feito e um zoom dominou a cena agradando meus olhos. Realmente parecia que estava olhando para a cena de um filme na televisão. Nunca falei que sou fã do zoom no cinema, mas a verdade é que acredito na força do zoom, mas os takes que seguiram ao plano aberto foram abusivos, ofenderam meus zoons! Ficaram horríveis e novamente um personagem teatral imperou em seu discurso solitário, para um bebê que nada entende, dentro do carro.
Talvez essa seja a novela da descontextualização. Mas vou lhe falar, essa novela não é melhor do que as da Record e da Globo não, e olha que eu sou o poeta da descontextualização! Infelizmente, o SBT investe em algo que não ficou bom. Triste, porque eu estou querendo ver alguma coisa que realmente valha a pena! Preciso tirar esse estresse de fazer duas faculdades das minhas costas. Enquanto essa novela ainda não me aparece, fico assistindo aquela da Record, Poder Paralelo, que, pelo menos, tem alguns atores que valem a pena.
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