AS HISTÓRIAS EM QUADRINHOS COMO UM SUPORTE NAS SALAS DE AULA

RESUMO: O que se faz hoje nos quadrinhos? Quais são as inovações, os rompimentos, os temas tratados? Como é a produção contemporânea de quadrinhos? Este artigo tem como objetivo principal mostrar como as histórias em quadrinhos podem ser utilizadas como suporte de ensino dentro de uma sala de aula, sendo que hoje em dia elas vêm se aproximando cada vez mais do público jovem, não sendo mais vista somente como história para crianças. A utilização dos quadrinhos no processo de aprendizagem, por exemplo, é um recurso viável, necessário e importante que tem sido pouco explorado. A compreensão de um produto cultural tão complexo como a História em Quadrinhos exige a identificação de seus elementos característicos e da maneira como sua narrativa é articulada.

Palavras-chave: histórias em quadrinhos, ensino, formação de leitores.

Na hora de escolher um tipo de gênero textual para se trabalhar em sala de aula, o professor deve levar em conta o que os alunos estão querendo aprender, o que está mais ligado à realidade deles. Qual o gênero em que ele se enquadra melhor. Qual a importância da abordagem de um gênero textual. Este artigo tentará enquadrar o gênero história em quadrinhos dentro do contexto escolar auxiliando na formação de novos leitores. Sendo que a escola é responsável pelo desenvolvimento intelectual do aluno.

Nos últimos anos, as HQs vêm ganhando espaço entre o público jovem. Não sendo visto somente como historinhas para crianças. Ler as HQs é bastante prazeroso, pois possui uma linguagem curta e normalmente simples. Também se trabalha muito a parte da imagem, desenvolvendo assim o cognitivo do leitor. As histórias em Quadrinhos (HQs) são histórias contadas de quadro em quadro por meios de desenhos utilizando o texto ou não. Os textos quando utilizados, são de forma de discurso direto, característica da língua falada.

A leitura é apenas uma das possibilidades de emprego da História em Quadrinhos no ensino. Os quadrinhos podem ser visto como materiais que permitem a reflexão, a pesquisa e a criação, e não somente a leitura sem compromisso.

Temas atuais e históricos vêm sendo abordados nas HQs. Muitas vezes em histórias além de nossa realidade abordam assuntos cotidianos vividos por nós. Conteúdos culturais também podem ser encontrados em várias histórias em quadrinhos, podendo funcionar como ponto de partida de um debate.

Sendo os quadrinhos muito ricos em recursos metalinguísticos, é mais fácil a utilização em sala de aula com os alunos do Ensino Fundamental, cujo cognitivo já está bastante desenvolvido.

A linguagem característica dos quadrinhos e os elementos de sua semântica, quando bem utilizados, podem ser aliados do ensino. A união de texto e desenho consegue tornar mais claros conceitos que continuariam escondidos se limitados unicamente à palavra.

A maneira como se é feita a narrativa dos quadrinhos, um quadro atrás do outro, em ordem lógica, muitas vezes deixa um “espaço” vazio entre eles, exigindo participação da parte do leitor para “preencher” esses espaços.

Muitas vezes vemos as figuras de linguagem aparecerem nas histórias em quadrinhos. A metáfora também está presente na forma visual: quando alguém cai ou tromba com algo, a sensação de tontura pode ser expressa pelo desenho de estrelas ou passarinhos girando sobre a cabeça do personagem. Outra figura utilizada é o eufemismo, representado por ícones como bombas, caveiras, raios, cobras e outros.

Por muito tempo os quadrinhos foram recusados em sala de aula pela falta de conhecimento do assunto. Acreditavam que, por ser algo comercial, somente para lazer e distração, não teriam utilidades nenhuma no ensino escolar. Atualmente a LDB (Lei de Diretrizes e Bases) e os PCNs incentivam o uso em sala de aula.

Segundo Ramos (2006, Apud SOBRINHO E GAZETTA)

o gênero HQ é considerado pelos Parâmetros Curriculares Internacionais (PCNs) como um texto adequado para se trabalhar a oralidade e a escrita.

Ainda reforça que:

nos quadrinhos o leitor pode desenvolver sua capacidade de interpretação, pois a estrutura deste gênero textual é muito próxima da oralidade. Sendo assim, ao ler, o aluno consegue identificar quem está falando, o assunto que se está falando e para quem se está falando.

Os motivos que fazem com que as histórias em quadrinhos sejam auxiliares no processo de formação de leitores são inúmeros. O primeiro deles é a forma como se apresenta: palavra e imagem. A conexão das duas linguagens representa os personagens e as ações. Além das palavras “presas” aos balões, característica marcante das HQs, há também os signos convencionais: o ícone, e o gráfico. A imagem se faz predominante, sendo que várias histórias são contadas sem uso do texto verbal. O entendimento do texto se dá pela leitura visual em relação a essa leitura de imagem. A escola, apesar de sua preocupação fundamental com o ensino da leitura e da escrita, gêneros que começaram a tomar seu espaço a partir da segunda metade do século XIX, como a fotografia, o cinema e as HQs.

Segundo Cademartori (2003), as histórias em quadrinhos agregam elementos da cultura literária ficcional que acenam para estilos humorísticos, eróticos e de aventura ancorados em uma tipologia textual que envolve aspectos da ordem do narrar por meio de uma sucessão de imagens fixas e organizadas em sequências.

Outro aspecto a ser levado em conta é a maioria das histórias trazer temas cotidianos, o que permite ao leitor se reconhecer no personagem, e verificar situações semelhantes às de sua própria vida. Ou mesmo o oposto, quando se têm as histórias de super-heróis, formas essas que despertam o interesse e a criatividade. O leitor então é levado a buscar experiências em seu conhecimento de mundo para preencher as lacunas existentes entre uma cena e outra, interagindo com o texto.

O narrador também é muito importante. Enquanto nas narrativas literárias sua intervenção se dá de forma verbal e linear, nas HQs podem aparecer como vinhetas, na parte externa dos quadrinhos; o próprio narrador, que estava de fora da história, pode passar a interferir, mesmo quando narra em terceira pessoa. Todo o processo de coesão existente nas HQs contribui para que essas interferências não prejudiquem o entendimento. Muitas vezes o narrador é uma espécie de intermediário entre o text/desenho e o leitor.

Podemos concluir então que, a leitura de HQs é essencial, pois se tem nela uma nova forma de ver, de ler, além de se desenvolver habilidades de compreensão estética.

REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA

CAGNIN, Antônio Luiz. Os Quadrinhos. Editora Ática. São Paulo, 1975

MARINHO, Elyssa Soares. Histórias Em Quadrinhos: A Oralidade Em Sua Constrção.

PASSOS, Lavínia Resende, e NOGUEIRA, Maria das Graças F. Histórias Em Quadrinhos: Um Suporte A Mais Na Formação De Leitores

SANTOS, Roberto Elísio. A história em quadrinhos na sala de aula. Centro Universitário Municipal de São Caetano do Sul

SOBRINHO, Vanessa Cassia e GAZETTA, Ms. Sônia Mastrocolla. História Em Quadrinhos Como Gênero Textual E O Desenvolvimento Do Aluno Do Ensino Fundamental. Unasp, Campus Engenheiro Coelho (SP).

Tiago Nazario
Enviado por Tiago Nazario em 23/06/2009
Reeditado em 24/06/2009
Código do texto: T1663977
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