Homenagem a Frida Kahlo
"NENHUM SER IMENSO É SIMPLES"
(homenagem a Frida Kahlo)
Falar de Frida Kalo é revelar a complexidade da alma feminina, tantas vezes oculta, porém exposta por esta mulher de uma força, tenacidade, poder imensos. Percorrer a sua vida e a sua obra é como olhar-se num duplo espelho: no espelho de seu interior que insistentemente nos mostra; olhar-se no espelho de mistério que habita ocultamente cada mulher, porém só ousa desvendar uma grande alma.
Frida sofreu desde cedo a sina do sofrimento. Aos seis anos a poliomielite deixa-a com uma perna definhada. Aos dezanove um terrível acidente ferroviário arruina para sempre a sua saúde. Mas muito mais pode a mente de uma mulher de vontade férrea!
Apaixonada, casa com o pintor Diego Rivera, famoso e com o dobro da sua idade. Em alguns dos seus quadros mostra o amor obsessivo que por ele nutria; perdoando-lhe infedelidades, levando-a ao divórcio e a recidivo casamento meses mais tarde. Pensa nele constantemente; dimui-se perante o seu talento: observe-se o quadro “Frida Kahlo y Diego Rivera”, 1931, ele enorme, de grandes pés bem assentes na terra e ela como que uma menina de mão dada, flutuante a seu lado... porém no amor feminino há sempre algo de materno, um amor telúrico que abrange tudo, quem nos deu o ser e o ser que damos: patentes no quadro El abrazo de amor de El universo, la tierra (México), Yo, Diego y el señor Xólotl, 1949.
Frida auto-retratou-se em todas as fases da sua vida, mesmo aquelas que apenas pode adivinhar: o seu nascimento; o aleitamento pela sua ama - porque nada a podia impedir de se doar, mostrando, como ela dizia quem conhecia melhor - Frida ela-mesma.
Dualidade de mulher,Las dos Fridas, 1939, assume o seu consciente e os assomos do inconsciente na sua pintura Lo que vi en el agua o Lo que el agua me dio, 1938 -não, não lhe chamassem surrealismo, "eu pinto a minha realidade", e com que frontalidade o fazia! Com a mesma com que assumidamente se declarava uma mulher sensual Yo y mis pericos, 1941 Auto-retrato con monos, 1943, porém enferma de solidão Auto-retrato con mono, 1938, rebelando-se contra tal Auto-retrato con pelo cortado, 1940. -qual a fêmea que rejeita os seus instintos senão a que deixa reprimir-se?
Frida deixar-se reprimir?! Nunca! Por nada! Nem o mais voraz sofrimento, as sucessivas cirurgias cujo sofrimento físico também não dissimula, antes pungentemente revela. Como se dissesse: sou uma mulher por inteiro, sim: sofro e amo; quero ser mãe e assumo ser mulher, de cabeça bem erguida!
Esta pintora mexicana é mais que um exemplo, é um símbolo de força e persistência. É alguém que desentranhou o seu âmago e o mostrou destemidamente ao mundo. A vida deixou-a liberta e a nós o sonho de nos tornarmos mais fortes; guiando os nossos instintos com inteligência; as nossas emoções sem vergonha.
Viva Frida Kahlo Mulher, Atitude e Exemplo!
Maria Petronilho
http://www.geocities.com/fridadecoyoacan/index2.htm