Política e seus Sentidos
Quando nos dirigimos , ou pensamos no termo “Política”, nos deparamos com algo de amplos e complexos significados. Muitas vezes, aliamos o sentido de “Política”, invariável e unicamente à política institucional, como é indicado no famoso dicionário de Koogan e Houaiss, política siginifica “ ciência do governo dos povos; direção de um Estado e determinação das formas de sua organização.” O estudo das ciências sociais que tratam das formas de organização de governos caracteriza-se como “ciência política”. Para adquirir esta magnitude e soberania, o poder político que organiza a esfera da política institucional, consolida sua gênese nas pequenas relações sociais cotidianas.
Antes de adquirir uma esfera de complexidade, dando significado “político” apenas as decisões governamentais, descortina-se o sentido básico de ‘Política” nas decisões e atitudes dos indivíduos na realidade social em que estão inseridos. A “Política”, segundo Leo Wolfgang Maar, “está presente no seu relacionamento com o Estado, com o poder, com a representatividade e participação, com as ideologias, com a violência, seja nos sindicados, no jogo de futebol, na escola ou no divã, na relação afetiva, no tribunal ou na igreja, na sala de jantar ou na reunião.” Representando, através desse paralelo, que não existe diferença ou fragmentação do indivíduo-político, assumindo-se como tal, nas decisões domésticas, nas decisões eleitorais e em todas as dimensões da vida em sociedade.
A organização social, a vida em sociedade, configurou o Ser Humano em Ser Polítco. As relações político-sociais, se manifestam desde os primórdios da vida humana, as comunidades primitivas através da divisão social do trabalho, foram organizando-se como comunidades políticas, onde todos os membros contribuíam para a manutenção do grupo praticando seus respectivos ofícios, uns caçavam, outros coletavam , produziam instrumentos de trabalho, etc. O processo histórico demonstra que as relações dos homens com a natureza e entre si, produzem as próprias concepções ideológico- política das sociedades que resultam dessa inter-relação, que não se encontra de maneira estática e determinada, está sempre à mercê dos “ventos da mudança”. Como na polis grega, onde as atividades sociais dos cidadãos, visando a prosperidade e desenvolvimento das cidades –estados, utilizavam a “democracia” para a difusão do que nós conhecemos como “política”. Em Roma, o modelo de atividade política era centralizador, exercido por um Estado dominador e imperial, impulsionado pelos interesses privados dos patrícios, os nobres romanos. Para melhor exercer este domínio, criaram um instrumento que evitava interferências do Estado nos interesses privados: o direito romano. Durante o período medieval, a disputa pelo poder político entre a nobreza e o poder eclesiástico era evidente. O “convencimento ideológico” era indispensável, para o controle da estrutura política.
Na concepção de Estado moderno, três elementos são fundamentais: poder político, povo e território. Sem diferenciação das outras sociedades que organizavam-se politicamente visando interesses minoritários e privados, a manipulação ideológica sobre um determinado povo num determinado território, é o que conhecemos como Estado, sendo a maior organização política que a humanidade já conheceu. Leo Wolfgang Maar destaca que “com Maquiavel, a questão do governo é deslocada para o Estado, com Marx, a questão do Estado seria transferida para as classes”. Indicando que o Estado que legitima seu poder implementando à “ordem” aos seus próprios paradigmas, pertence e defende os interesses de uma classe social.
Ao transcender o sentido de “Política” da restrita condição das imposições burocráticas das instituições governamentais, trazendo sua importância as ações diárias, o mesmo autor coloca, “ a própria atividade política, longe de ser apenas voltada a uma transformação do “mundo objetivo” com vistas ao futuro, significa no presente, o exercício de uma atividade transformadora de consciência e das suas relações com o mundo.”
A Política é sobretudo, uma atividade transformadora do real, da história.