Medíocre Condenação
COND
Médico tem
registro suspenso
João Caetano Ribeiro é acusado de
ter negligenciado-se no pós-operatório
de paciente que morreu
Amanda Dorian
O médico João Caetano Ribeiro, cirurgião-geral e intensivista, foi condenado à suspensão do exercício profissional por 30 dias pelo Conselho Federal de Medicina (CFM) pela morte da dona de casa Joana Henrique dos Santos Carvalho, em 31 de outubro de 1997. A condenação pelo CFM aconteceu depois de o médico ter sido absolvido pelo Conselho Regional de Medicina de Goiás (CRM/GO). Para a filha de Joana, a advogada Dorothy Santos Carvalho, de 42 anos, que denunciou o médico e recorreu da decisão do CRM/GO ao CFM, a punição é pequena, mas é o resultado de cinco anos de luta.
Dorothy denunciou Ribeiro em fevereiro de 1998, três meses depois da morte da mãe. A advogada conta que antes da cirurgia o médico teria dito que o procedimento era simples, com duração prevista de duas horas. “Ela entrou no Centro Cirúrgico às 8h30 e saiu às 13 horas”, conta. Uma das maiores causa de indignação da advogada foi, segundo disse, a negligência do médico para os sintomas apresentados por Joana, quando a paciente retornou ao hospital quatro dias depois da cirurgia. “Ela foi reinternada no sábado e o médico só foi vê-la na segunda-feira. Minha mãe estava com a cor amarelada, muita dor no abdome, o umbigo inflamado e tantos outros sintomas. Apesar disso, ele disse ao vê-la que era manha”, informou Dorothy.
A advogada, que atuou no caso da mãe com o marido, o também advogado Julio César dos Santos, acusa o CRM/GO de corporativista. “Quando recorri ao CFM, a decisão foi outra”, conta. De acordo com a advogada, desde a morte da mãe ela luta por justiça. “Minha vida tem sido brigar”, conta. A advogada questiona o preparo dos médicos para avaliar os casos. “Como um oftalmologista pode ter condições de determinar se houve falha num procedimento no abdome?”
Além do CRM/GO, o médico foi denunciado à polícia e acabou levado a julgamento. Condenado por homicídio culposo, cumpriu pena alternativa, com pagamento de cestas básicas.
Processo
O presidente do CRM/GO, Erso Guimarães, contestou a acusação de corporativismo e lembrou que o julgamento de um recurso é uma situação diferente, onde se pode juntar novos argumentos e provas. Guimarães afirma que, apesar do julgamento do CFM ter ocorrido em abril deste ano, somente em outubro o processo retornou ao Conselho Regional de Medicina para que se pudesse aplicar a pena. Mesmo quando a condenaçãoé do CFM, a pena é aplicada pelos conselhos regionais. O médico João Caetano Ribeiro está proibido de exercer a profissão até o dia 23.
Apesar da punição, no site do CRM/GO, na página de consulta sobre a situação do médico, João Caetano aparece como ativo. A suspensão não é citada, mesmo estando valendo. No Hospital Santa Maria, local onde o médico atende, a informação é de que ele está de férias.
A reportagem do POPULAR tentou ouvir o médico pelo telefone celular, onde foi deixado recado, e ainda por meio do advogado dele, Marun Antoine Diab Kabalan. Até o final do fechamento desta edição, o médico não havia feito contato para dar a sua versão dos fatos.
Após a decisão do CFM, João Caetano chegou a solicitar o cancelamento alegando que não foi intimado para o julgamento e teve dificuldades de defesa, o que foi negado pelo CFM. Depois ele ainda solicitou que a pena fosse comprida no mês de dezembro, em função de sua atuação no serviço público.
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§ Entenda o caso
(veja como foi a morte de Joana Carvalho)