A SALA DE AULA COMO LUGAR DE PESQUISA.

Dimas Paixão

Segundo o autor (Knauss, 2004), a escola tem sido o lugar onde o professor exerce seu papel social por meio de um saber já pronto e acabado. Porém, de maneira acrítica e pouco comunicativo, tornando a escola e a sala de aula lugares sociais da normatização do saber e o livro didático o ponto comum entre o professor e aluno. Para romper tais elos, o autor sugere que o conhecimento aconteça a partir da relação da experiência dos homens com o mundo em que vivem. Nessa perspectiva, o conhecimento histórico deve indagar as relações sujeito-objeto do conhecimento e as formas de existência humana, visando provocar um posicionamento. A partir daí, a produção do saber histórico evidencia-se como instrumento de leitura do mundo e não mera disciplina. Para isso, faz-se necessário à superação do conhecimento marcado pela obviedade do censo comum, devendo-se recorrer ao conhecimento científico racional da consciência, por meio da linguagem e dos procedimentos próprios da ciência, tornando a comunicação a dimensão determinante do processo de conhecimento científico como forma de rompimento dos elos da cadeia normatizadora.

O autor salienta que a pesquisa é o caminho a ser trilhado por aqueles que submetem a construir a sua própria leitura de mundo. Com efeito, a escola e a sala de aula, apresentam-se como lugares autênticos para a produção de conhecimento coletivo de aprendizagem, ambientes comunicativos e dialógicos favoráveis à comunicação entre sujeito do conhecimento e espírito racional e investigador. Pressupostos indispensável à dinâmica da pedagogia de animação, conduzindo a pesquisa à condição de aprendizagem, sob formas de estruturas dialógicas. Em relação aos documentos, o autor lamenta a pouca existência de coletâneas de documentos históricos em relação ao passado. Comenta que os livros didáticos de história atuais referem-se simplesmente a documentos de época, restritos a meros anexos, confundindo documentos históricos com textos historiográficos. No entanto, nas obras paradidáticas os documentos históricos ganharam um espaço próprio, mas na verdade são meros documentos de épocas ricos em ilustrações a-históricas. O autor critica coleções especiais do tipo “Primeiros Passos”, como sendo reles sínteses literárias acadêmicas estrangeiras, as quais não passam de ilustrações complementares dos documentos históricos no processo de aprendizagem, como nos livros didáticos, ou então, extraordinária intenção paralela e suplementar, como nos paradidáticos.

Para solucionar problemas atuais e/ou quebrar a cadeia normatizadora do saber, o autor propõe o uso de documentos históricos em sala de aula para a construção do conhecimento, Assim, a metodologia do ensino de História deve sempre indagar em prol da construção do conhecimento particular, pautadas em bases dialógicas ensejadas pela animação docente e pela atividade de pesquisa e investigação, com intuito de construir conceitos para produção de leitura de mundo, própria do aluno. O objetivo da animação didática é abastecer os alunos de informações e dados, conduzindo-os à problematização. O professor estabelece um objetivo e norteia o aluno para se alcançar uma meta, fugindo-se, assim, do reino das abstrações. O autor frisa que ao se trabalhar o ensino de história como uma iniciação ao pensamento histórico, deve-se incentivar o ensino-pesquisa como produção do conhecimento. Os professores devem inserir-se neste processo, já que as indagações dos alunos vão lhes exigir um bom domínio de conhecimentos, e isso requer pesquisa docente de ordem bibliográfica de documentos apropriados. E por fim, o autor conclui, considerando que o processo de aprendizagem e construção do conhecimento propostos na pedagogia de ensino, tais como: a pedagogia da animação aliada ao uso de documentos de época em sala de aula, mais a pesquisa histórica e a leitura - dispensa a utilização do livro didático, e mais, serve como motivação para o aluno interrogar a linguagem e a si mesmo.

REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA

KNAUSS, Paulo. Sobre a norma e o óbvio: a sala de aula como lugar de pesquisa. In: NIKITIUK, Sônia L. (org) Repensando o Ensino de História. 5 ed. São Paulo: Cortez, 2004. p.29 a 50.